Nossa Senhora
Virgem Maria
Doutrina

Assunção de Maria: O Dogma de sua maior alegria

Ao término da vida terrena de Maria, o poder de Deus a envolveu e a conduziu à glória eterna, à glória da ressurreição.

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Todo grande evento na história da salvação reflete o poder supremo de Deus e as abundantes graças que Ele derrama sobre nós. As misericórdias da Santíssima Trindade se tornam ainda mais claras quando contemplamos as graças concedidas à Virgem Maria.

Entre os quatro dogmas marianos – a Maternidade Divina, a Imaculada Conceição, a Virgindade Perpétua e a Assunção ao Céu – o mais elevado em dignidade é, sem dúvida, o primeiro: Maria, Mãe de Deus. No entanto, podemos afirmar que o dogma que mais enche Maria de júbilo é o de sua Assunção ao Céu. Abaixo, explicaremos o porquê.

O que é o Dogma da Assunção?

No Dogma da Assunção, a Igreja declara com plena certeza que Maria, a Mãe do nosso Salvador, foi assunta em corpo e alma ao Céu. Em outras palavras, ao término da vida terrena de Maria, o poder de Deus a envolveu e a conduziu à glória eterna, à glória da ressurreição.

Na Assunção, o Espírito Santo transfigurou em glória não apenas a alma de Maria, como ocorre com os santos ao entrarem no Céu, mas também seu corpo. Pelos méritos de Cristo – por Sua Paixão, Morte e Ressurreição – o Espírito Santo glorificou toda a humanidade de Maria, “divinizando” sua alma e cada célula de seu corpo.

Que grande mistério é este! O corpo de Maria está vivo e junto de seu Filho Jesus. Ambos estão resplandecentes e gloriosos. Se Maria foi a primeira a receber Cristo em seu seio, ela também foi a primeira a experimentar a divinização da natureza humana.

Trata-se de um acontecimento singular na história da salvação, que ressalta a pureza e a santidade de Nossa Senhora, a quem Deus concedeu o privilégio de não experimentar a decomposição física após a morte.

Este dogma está intimamente relacionado ao da Imaculada Conceição, que proclama que Maria foi concebida sem o pecado original; portanto, a morte, consequência do pecado, não teria poder sobre ela. A seguir, veremos isso com mais detalhes.

Razões inegáveis da Assunção

A doutrina sobre a Assunção é baseada em vários fundamentos bíblicos, da Tradição Apostólica e teológicos. Veremos alguns deles:

  • Sagradas Escrituras:

Embora a Assunção de Maria não seja explicitamente descrita na Bíblia, assim como tantos outros artigos de fé, a Igreja identifica várias realidades bíblicas que prefiguram Maria. Entre elas estão a Arca da Aliança, que é vista no Céu em Apocalipse 11, 19, e a Rainha ornada de ouro mencionada no Salmo 44 (45), sendo o ouro um símbolo da glória Divina.

Além disso, Maria é evocada na imagem da “Mulher vestida de sol” (Apocalipse 12). Nesta passagem, vemos que a Mulher gloriosa está com os pés sobre a lua, simbolizando que ela já superou a inconstância deste mundo e entrou na eternidade. Maria, a Mulher, já está no definitivo, na vida que não passa.

  • Tradição Apostólica:

Desde os primeiros séculos do cristianismo, a crença na Assunção de Maria foi amplamente difundida entre os fiéis, inicialmente com maior força nas igrejas do Oriente e, posteriormente, nas do Ocidente. A Igreja considera essa tradição um reflexo da fé transmitida pelos Apóstolos. Exemplos dessa crença apostólica podem ser encontrados nos escritos de Santo Epifânio de Salamina (315-403) e de São João Damasceno (675-749).

  • Teológico:

Maria desempenha um papel singular na obra da Redenção. Se Jesus é o novo Adão (cf. 1Cor 15, 45-47), Maria é a “nova Eva”, aquela que cooperou de maneira única com seu Filho na obra redentora. Sua Assunção é vista como uma antecipação da realidade do fim dos tempos, conferida a ela também por seu papel especialíssimo como Mãe da nova humanidade, ou seja, Mãe de todos os redimidos por Cristo na Cruz: “Filho, eis a tua mãe” (cf. Jo 19, 26-27).

Ademais, como já mencionado, existe uma ligação teológica com o dogma da Imaculada Conceição. A morte, sendo consequência do pecado, não poderia atingir Maria da mesma forma, pois, pelo privilégio de sua concepção sem a mancha do pecado original, ela não experimentaria a decomposição corporal após a morte.

A pureza imaculada de Nossa Senhora torna inconcebível que seu corpo, que carregou Jesus, passasse pela corrupção do túmulo. Teologicamente, a Assunção é, portanto, a culminação natural e lógica da vida santa e imaculada de Maria.

Como é belo este mistério!

Ascensão de Jesus e Assunção de Maria

Para evitar confusões entre os cristãos e promover uma compreensão mais clara da fé da Igreja de Cristo, é essencial esclarecer a diferença entre a Ascensão de Jesus e a Assunção de Maria.

Enquanto a Ascensão de Jesus é um ato Divino realizado por Ele mesmo, a Assunção de Maria é um privilégio concedido e realizado por Deus. Estes dois eventos se diferenciam em natureza e no modo. Explicamos:

Ascensão de Jesus

Natureza: Jesus, após Sua Ressurreição, subiu aos Céus por Sua própria vontade e poder. Como Filho de Deus, Ele tem o poder Divino de ascender aos Céus.

Modo: Foi um ato autônomo e voluntário, realizado por Sua própria autoridade Divina. Ele subiu aos Céus em corpo e alma, diante dos Apóstolos, quarenta dias após a Ressurreição.

Assunção de Maria

Natureza: Diferentemente de Jesus, Maria não ascendeu por seu próprio poder, mas foi assunta, ou seja, elevada ao Céu por Deus em corpo e alma.

Modo: Foi um ato realizado pelo poder de Deus, que concedeu a Maria a graça de ser a primeira criatura humana a ser elevada à glória da ressurreição, sendo assim preservada da corrupção corporal após a morte.

Maria morreu ou dormiu?

No mistério da Assunção de Nossa Senhora, muito se refletiu sobre o momento de sua morte natural, tradicionalmente referida como a “dormição de Maria”. Muitos santos e grandes sábios da Igreja descreveram a morte de Maria como um ato tão sereno e reverente que ela teria simplesmente adormecido.

Essa visão é realmente bela e repleta de profundo significado. Para compreendê-la melhor, observemos alguns santos e consideremos suas palavras sobre a própria morte:

  • São Paulo declarou: “Viver é Cristo, morrer é lucro”.
  • São Francisco de Assis chamou a morte de “Irmã morte corporal”.
  • Santa Teresa d’Ávila exclamou: “Morro porque não morro”
  • Santa Teresinha do Menino Jesus afirmou: “Não morro, entro na vida”

Irmãos, quem vive profundamente unido a Cristo enfrenta a morte como uma graça. Se os santos lidaram com a morte de maneira tão livre e amorosa, podemos apenas tentar imaginar com quão grande amor Maria, em seu altíssimo grau de santidade, entregou seu corpo e alma a Deus em seu derradeiro instante!

Podemos então dizer que Maria morreu? Sim, podemos. A Virgem desejou imitar seu Filho em tudo, e Deus permitiu que assim fosse. No entanto, sua morte foi a entrega de amor mais doce e sublime que uma criatura humana poderia experimentar. Assim, podemos afirmar – tanto poeticamente quanto literalmente – que Maria, nossa Mãe, adormeceu porque morreu de amor, do seu imenso amor por Jesus.

Santo Afonso de Ligório põe nos lábios de Nossa Senhora a expressão de seu desejo de partir desta vida para encontrar-se logo com seu Filho, pois já não suportava mais a saudade que Dele sentia:

“Frequentes vezes repetia aos anjos que a vinham saudar: Eu vos conjuro, filhas de Jerusalém, que, se encontrardes ao meu amado, lhe façais saber que estou enferma de amor (Ct 5,8). Santos anjos, ó formosos cidadãos da Jerusalém celeste, vindes em bandos consolar-me, e todos me consolais com a vossa amável presença; eu vos agradeço. Mas vós todos não me contentais completamente, porque não vejo ainda o meu Filho, meu único consolador: Ide-vos, se me amais, voltai ao paraíso e dizei da minha parte ao meu querido que desfaleço e desmaio por seu amor. Dizei-lhe que venha e venha depressa, porque sinto-me morrer com desejo ardente de vê-lo.” (Glórias de Maria. Parte II, Tratado I, Sessão VII, ponto 2, n.3.)

Para compreender ainda mais sobre a dormição de Nossa Senhora leia o artigo A Virgem Maria está morta?"

Por que este é o dogma de maior júbilo para Maria?

Antes de respondermos, é importante reafirmar que Maria é bem-aventurada desde o primeiro instante de sua concepção no ventre de Sant’Ana. Como mencionamos, a Imaculada Conceição lhe assegurou um corpo e uma alma totalmente ordenados para o Senhor. Por isso, Maria viveu seus anos na terra em santidade inigualável, experimentando aquela felicidade de quem está ancorada em Deus. Mas não é só isso.

A bem-aventurança de Maria na terra superava a de qualquer outra criatura santa, seja humana ou angélica, pois ela teve o privilégio único de gerar e dar à luz o Salvador da humanidade, além de acompanhar de perto e cooperar com toda a Sua missão redentora, do Natal ao Calvário.

Entretanto, podemos afirmar que o momento de maior felicidade para o Coração de Maria foi a sua Assunção. Isso porque, com a Assunção, Maria pôde, finalmente, estar total e plenamente junto de seu Filho. Nesse ato de Deus sobre a humanidade da Virgem, seu corpo e alma foram, de maneira definitiva, transfigurados em glória pela ação do Espírito Santo.

Com segurança e participando dessa alegria, afirmamos que a Assunção é o motivo de maior júbilo para Maria, pois realiza na vida dela a união definitiva e inseparável com seu Filho e a plenitude de sua humanidade em Deus.

Assunção de Maria: uma realidade para nós

A Assunção não toca apenas a Maria individualmente, mas também a cada um de nós. No fim dos tempos, todos os mortos ressuscitarão em corpo. Os homens e mulheres salvos terão seus corpos glorificados pelo Espírito Santo na nova terra (cf. Ap 21, 1).

Percebam que maravilha: na Assunção, já se cumpriu em Maria o sentido de toda a história humana, o propósito último da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. A Assunção de Maria aponta também para a realização final da nossa salvação!

Rezemos, irmãos! Peçamos a Deus que, na segunda vinda de Cristo, sejamos contados entre os santos, para que possamos nos abraçar corporalmente, envolvidos e transbordantes da felicidade que é a própria Santíssima Trindade.

Graças e louvores a Deus pela assunção da Santíssima Virgem Maria!