Espiritualidade

5 passagens bíblicas que revelam o poder da oração para vencer batalhas

A Igreja não se deixa enganar. Ela sabe que, por trás das turbulências deste mundo, existe uma batalha espiritual que só se vence com a oração.

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Nem sempre é fácil entender o que as Escrituras querem transmitir. A língua original em que elas foram escritas já não existe mais, e os costumes mudaram bastante. Mas a Palavra de Deus não muda.

Na Igreja nós temos pleno acesso às Escrituras. Todos os Livros do Antigo e do Novo Testamento foram preservados e transmitidos em seu sentido original. Nela, nós conseguimos entender a Bíblia.

A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do mesmo Espírito que levou à sua redação. [1]

São muitas as passagens bíblicas que trazem ensinamentos valiosos sobre o poder da oração para vencer batalhas. Neste artigo nós vamos ler juntos cinco passagens seletas, de modo a preparar o nosso coração para o retiro espiritual que se aproxima.

1. A Igreja Orava Continuamente (At 12, 5)

A peregrinação da Igreja neste mundo não ocorre sem perseguições. Já no primeiro século, logo após a Ascensão do Senhor, a Igreja sofreu uma primeira perseguição. Os Apóstolos continuaram em Jerusalém, mas os fiéis se dispersaram (At 8, 1).

Um pouco depois veio a segunda grande perseguição. Desta vez o alvo principal eram os Apóstolos. O rei Herodes Agripa mandou decapitar São Tiago e, como agradou a alguns, tratou logo de aprisionar Pedro (At 12, 1-3a).

Você sabe qual foi a reação da Igreja neste momento tão crítico? Todos entraram em oração. A Igreja não se deixa enganar. Ela sabe que, por trás das turbulências deste mundo, existe uma batalha espiritual.

Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja orava continuamente a Deus por ele (At 12, 5)

O Senhor ouviu a oração da Igreja e enviou um Anjo para retirá-lo da cadeia (At 12, 7). Esse acontecimento histórico nos ensina uma verdade espiritual sempre válida: a oração de intercessão é agradável aos olhos de Deus.

Era de joelhos que os primeiros fiéis combatiam seus perseguidores. Fica implícito aqui que o resgate milagroso de Pedro é uma resposta de Deus aos pedidos de intercessão da Igreja. [2]  

Na oração de intercessão, a Igreja participa da intercessão de Cristo. Veja como é grande a nossa vocação! Nós somos membros da Igreja, que é o Corpo de Cristo. Isso significa que estamos unidos ao Senhor, como um corpo à sua cabeça.

Ele é a Cabeça do corpo, que é a Igreja (Cl 1, 18a)
Miguel Cabrera. A Virgem do Apocalipse. Uma batalha espiritual nos cerca. Mas São Miguel e a Virgem Maria vêm em nosso auxílio.

Trata-se de um enorme mistério da nossa fé. O Senhor nos une em um só Corpo e nos concede a graça de participar de Sua oração.  A oração da Igreja está, então, unida à oração de Cristo!

A intercessão é uma oração de pedido que nos conforma de perto com a oração de Jesus. Ele é o único Intercessor junto do Pai em favor de todos os homens, dos pecadores, sobretudo. [3]

Será que nós temos consciência da importância de uma oração bem feita? Com o coração em Cristo, nós podemos acudir os mais necessitados com a nossa oração. A nossa própria família precisa muito de nossas orações. Não existe uma única pessoa no mundo que não precise receber orações.  

Na intercessão, aquele que ora “não procura seus próprios interesses, mas pensa sobretudo nos outros” (Fl 2, 4) e reza mesmo por aqueles que lhe fazem mal. [4]

Aprendemos até aqui que a oração da Igreja é uma participação na oração de Jesus. Mas como ocorre esse mistério? É o que veremos agora.

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2. Orai constantemente no Espírito (Ef 6, 18)

A oração não é uma simples invocação. Ela é muito mais. Quando rezamos, o Espírito Santo age em nós. É assim que, por exemplo, podemos professar que Jesus é Deus. Não seria possível crer em Jesus, sem que o Espírito Santo viesse em nosso auxílio, pois a fé é um dom de Deus.

Ninguém será capaz de dizer: “Jesus é o Senhor”, a não ser pelo Espírito Santo. (1Cor 12, 3b)

Desse modo, não podemos nos esquecer de invocar o Espírito Santo em nossas orações pessoais. Há uma batalha espiritual na qual estamos envolvidos. O Reino de Cristo avança sempre, porém nós somos atacados pelas tropas infernais.

Fortalecei-vos no Senhor, no poder de sua força; revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do diabo. (Ef 6, 10).

Temos que perseverar no combate espiritual. Se descuidarmos da oração, nós não conseguiremos sobreviver espiritualmente. Ela é uma arma espiritual que nós devemos aprender a manusear.

Com toda a sorte de preces e súplicas, orai constantemente no Espírito. (Ef 6, 18)

O diabo e seus demônios são obstinados em sua maldade. Eles querem nos arrastar para o inferno. Nós devemos reagir invocando o Espírito Santo, para que nos fortaleça e conduza em nossas vidas.

A Igreja nos convida a implorar cada dia o Espírito Santo, sobretudo no início e no fim de toda ação importante. [5]

É no Espírito Santo que a nossa oração se torna oração da Igreja. Por isso, a Igreja nos convida a implorar o dom do Espírito. Agora chegou a hora de darmos um passo a mais.

3. Orai sem Cessar (1Ts 5, 17)

Como é possível viver uma vida de oração constante? Nós temos que trabalhar e cumprir outros deveres.  O ponto central é que, quando o nosso coração está voltado para Deus, nós estamos em oração de ação de graças.

A ação de graças é, no intelecto e no conhecimento da graça divina, a atenção contínua e invariável da boa vontade para com Deus, mesmo quando às vezes desapareça ou enfraqueça toda atividade exterior ou toda afeição da alma. (...) É esta a oração ininterrupta ou ação de graças de que fala o Apóstolo.

Agora podemos entender por que, em sua primeira carta aos tessalonicenses, São Paulo pediu que a oração fosse uma constante na vida dos fiéis. Devemos aprender a viver a vida com um coração cheio de gratidão para com Deus. Não se trata de parar tudo para rezar, mas de aprender a tudo viver como resposta ao Amor de Deus.  

Orai sem cessar (1Ts 5, 17)

Vimos que orar sem cessar é um mandamento bíblico. No fundo, é um chamado para permanecermos no Sagrado Coração de Jesus, em ação de graças. Veremos agora que a vida em oração nunca é solitária.

4. Uma Nuvem de Testemunhas (Hb 12, 1)

Na nossa vida de Igreja, nós nunca estamos sozinhos. Aonde quer que um fiel vá, sempre haverá uma nuvem de testemunhas ao seu redor. São os santos do Céu. Eles oram sem cessar por nós.

Portanto, com tamanha nuvem de testemunhas em torno de nós, deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que nos envolve. Corramos com perseverança na competição que nos é proposta. (Hb 12, 1)

Ter a consciência de que eles nos acompanham é uma grande graça que Deus nos concede. Não é raro que, em situações difíceis da vida, percebamos a intercessão de um dos nossos amigos do Céu.

Encontrei os santos - ou talvez devesse dizer que eles me encontraram - num cenário indistinto, secular e impessoal, bem no meio de uma crise familiar. E provavelmente é assim que deve ser. [6]

É importante recorrer aos santos em nosso combate espiritual. Muito mais importante ainda, é conhecer o papel da maior intercessora que Deus estabeleceu no Céu e na Terra.

5. Minha Alma Engrandece o Senhor

Quando entramos em oração, o Espírito Santo nos une a Jesus Cristo. Em Sua humanidade, que está glorificada à direita do Pai, nós entramos em comunhão com o Paraíso, sobretudo com a Mãe de Jesus.

Na oração, o Espírito Santo nos une à Pessoa do Filho Único, em sua humanidade glorificada. Por ela e nela, nossa oração filial entra em comunhão, na Igreja, com a Mãe de Jesus. [7]  

Invocar Maria, a Mãe de Jesus, é muito importante. Ela faz parte do plano do Pai para nós. A Igreja é uma família: a família de Deus. Nela, somos filhos adotivos do Pai em Jesus Cristo e, portanto, irmãos. Maria é a nossa Mãe.

Não podemos nos reunir com a Igreja sem entrar numa relação familiar. Não podemos ser irmãos de Jesus sem que Maria seja nossa mãe. A Igreja é a assembleia dos primogênitos (Hb 12, 23). E Maria é a mãe dos primogênitos. [8]

Algumas pessoas que desconhecem as Escrituras acham que a comunhão com Maria é um empecilho em nossa união com o Filho de Deus. Mas é justamente o contrário! No Coração de Maria, nós aprendemos a nos unir a Deus de modo bem concreto.

O “Coração Imaculado” é, segundo o evangelho de Mateus (5, 8), um coração que a partir de Deus chegou a uma perfeita unidade interior e, consequentemente, “vê a Deus”. Portanto, “devoção” ao Imaculado Coração de Maria é aproximar-se desta atitude do coração, na qual o fiat — “seja feita a vossa vontade” — se torna o centro conformador de toda a existência. [9]

Em mais de uma ocasião, São Paulo apresentou-se a si mesmo como um modelo para que os destinatários de suas cartas aprendessem a seguir Jesus. Este é o método de Deus: o Deus de amor gera entrosamento entre as pessoas em Sua Igreja.

Se porventura alguém objetasse que não se deve interpor um ser humano entre nós e Cristo, lembre-se de que Paulo não tem medo de dizer às suas comunidades: “Imitai-me” (cf. 1 Cor 4, 16; Fil 3, 17; 1 Tes 1, 6; 2 Tes 3, 7.9). No Apóstolo, elas podem verificar concretamente o que significa seguir Cristo. Mas, com quem poderemos nós aprender sempre melhor do que com a Mãe do Senhor? [10]  

A nossa oração deve estar unida à de Maria. Trata-se, inclusive, de um mandamento bíblico. Não é possível ser verdadeiramente cristão e ignorar que a Palavra de Deus nos pede para termos devoção mariana.

Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus, meu Salvador, porque olhou para a condição humilde de sua serva. Todas as gerações, desde agora, me chamarão bem-aventurada. (Lc 1, 46-48)

Una-se a Maria em sua oração pessoal. Não tenha receio de amá-la, pois é o que Jesus espera de nós.

Viver a Vida em Deus

A oração é muito mais que um momento do dia. Ela é um chamado para uma viver a vida em Deus. É por isso que fazemos retiros. Os tempos intensos de oração nos ajudam a enraizar mais em nossa vocação para o Céu.

Nos dias 12, 13 e 14 de agosto vai acontecer o Retiro “Da Oração depende a nossa vitória” às 20h no canal do Youtube do Padre Alex Nogueira. Será um momento especial para se preparar para a Quaresma de São Miguel e entender melhor o combate da oração. Para se inscrever, clique aqui.

Que Nossa Senhora interceda por todos nós!

Referências

[1] Dei Verbum (12).

[2] Scott Hahn & Curtis Mitch O Livro dos Atos dos Apóstolos: Cadernos de Estudo Bíblico. Campinas, SP: Ecclesiae, 2016. p. 68.  

[3] Catecismo da Igreja Católica, 2634.

[4] Catecismo da Igreja Católica, 2635.

[5] Catecismo da Igreja Católica, 2670.

[6] Scott Hahn. Anjos e Santos: Um Guia Bíblico para a Amizade com os que Estão junto de Deus. São Paulo: Quadrante, 2018. p. 185.

[7] Catecismo da Igreja Católica, 2673.

[8] Scott Hahn. Anjos e Santos: Um Guia Bíblico para a Amizade com os que Estão junto de Deus. São Paulo: Quadrante, 2018. p. 177.

[9] Cardeal Joseph Ratzinger. A Mensagem de Fátima. Comentário Teológico.

[10] Ibid.