Nossa Senhora
Devoção Popular

Fátima, a solução para os problemas do nosso tempo!

Esses pedidos nos mostram que Nossa Senhora veio até nós para nos colocar no caminho da santidade.

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Há mais de cem anos, Nossa Senhora apareceu em Fátima aos três pastorinhos. Ela apresentou-lhes dois pedidos, que são sempre atuais: oração e penitência.  Trata-se de pilares da vida católica!  

O apelo à conversão e à penitência, manifestado por Nossa Senhora ao início do século vinte, conserva ainda hoje uma estimulante atualidade. [1]

Quando nós oferecemos orações e penitências a Deus, podemos alterar até mesmo o rumo dos acontecimentos históricos. Infelizmente, porém, nem sempre temos a fé ou a confiança que deveríamos para fazer um bom uso dessas armas espirituais em nossas vidas.

Neste mundo que se afasta cada vez mais de Deus, mergulhado no pecado, precisamos levar muito a sério o que Nossa Senhora nos pediu em Fátima. Este artigo é um convite para você aprofundar a sua conversão.

Vamos meditar sobre esses dois pedidos que Nossa Senhora nos fez. Primeiro, você vai aprender que Maria nos recomendou duas formas concretas de devoção, a oração do terço e as comunhões reparadoras. Veremos um pouco de cada uma. Depois, vamos meditar sobre as penitências. Elas se relacionam com a nossa conversão.

As Devoções de Fátima

Certa vez um padre domicano foi a Portugal para fazer uma imagem de Nossa Senhora de Fátima com as instruções da irmã Lúcia. Era uma oportunidade única de convívio com a única vidente de Fátima que estava viva na época.

Ele aproveitou a ocasião para perguntar à irmã Lúcia quais foram as devoções recomendadas por Nossa Senhora em Fátima. A resposta foi muito clara e direta.  Devemos rezar o terço e fazer comunhões reparadoras.

“Em todas as aparições Nossa Senhora mencionou o terço; e na terceira aparição disse que voltaria para pedir comunhões reparadoras.” [2]

O pedido de oração que Nossa Senhora fez é um remédio seguro para os males espirituais de nosso tempo. Neste mundo que se afasta cada vez mais de Deus, nós devemos redobrar a nossa atenção para cumpri-los.

O Terço

Você certamente já conhece o terço. Talvez tenha até o belo hábito de rezá-lo todo dia.  O terço é uma das orações mais tradicionais da Igreja. Mesmo assim, muitas pessoas têm dificuldade de rezar bem.

Não é propriamente a duração, mas o fervor da reza que agrada a Deus e conquista seu coração. Há mais mérito em uma única Ave-Maria bem rezada do que em cento e cinquenta mal rezadas. [3]  

Mas o que é uma Ave-Maria bem rezada? Tem gente que acha que rezar bem seria rezar chorando, como se o fervor tivesse que provocar lágrimas. Não é bem assim. Emocionar-se na oração é uma coisa boa, porém não é necessária.

A oração é um grande mistério. Não é algo que fazemos com as nossas próprias forças, como se estivéssemos no controle de tudo. Quando rezamos, ocorre uma ação do Espírito Santo em nossos corações.

É o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inexprimíveis (Rm 8, 26b)

Não se preocupe se a sua oração não lhe provoca lágrimas. O importante mesmo é que ela provoque um firme desejo de fazer a vontade de Deus! Por isso, o primeiro fato a observar na sua vida de oração é se ela está ajudando você a fugir do pecado.

Os videntes de Fátima: Lúcia, Francisco e Jacinta.
A pessoa que reza o Santo Rosário deve estar em estado de graça ou, pelo menos, ter decidido sair do pecado, porque toda a teologia nos ensina que as boas obras e as orações feitas em pecado mortal são mortas, pois não podem agradar a Deus nem merecer a vida eterna. [4]  

Um outro problema para a oração do terço são as distrações. E como elas são frequentes! Às vezes, quando rezamos, nós nos lembramos de preocupações da vida. Outras vezes, temos curiosidade por coisas que estão ao nosso redor.

Se nós nos distraímos sem escolher ou sem querer, não há problema. Basta rejeitar e prosseguir. É uma forma de afirmar o nosso desejo de rezar. O que não pode acontecer é que as distrações sejam voluntárias.

Você não consegue rezar o Rosário sem se distrair com alguma coisa, é difícil rezar uma Ave-Maria sem que sua imaginação sempre irrequieta não desvie a sua atenção; mas pode rezá-lo sem distrações voluntárias, e deve usar todos os meios para diminuir as involuntárias e controlar a imaginação. [5]

Além de rezar o terço, o devoto de Nossa Senhora de Fátima pode fazer as comunhões reparadoras. É o que veremos a seguir.

As Comunhões Reparadoras

Os três pastorinhos viram Nossa Senhora em Fátima no ano de 1917. Mais tarde, Jacinta e Francisco partiram para o Céu. Somente a Irmã Lúcia ficou para divulgar a devoção ao Imaculado Coração de Maria.

Certo dia, no ano de 1925, a Santíssima Virgem apareceu ao lado do Menino Jesus para a Irmã Lúcia, a quem revelou a devoção dos cinco primeiros sábados. É uma promessa muito especial.  Ela está relacionada com o mistério de Fátima, embora tenha ocorrido em outra cidade.

Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam, com blasfémias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que todos aqueles que durante 5 meses, ao 1.° sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 mistérios do Rosário, com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas. [6]  

As comunhões reparadoras devem ser feitas a cada primeiro sábado do mês, por cinco meses seguidos. São os cinco primeiros sábados de cada mês. Este é um gesto simples, mas que tem uma eficácia extraordinária, porque a comunhão é capaz de reprimir os maus desejos que carregamos em nossa alma. Além disso, ao assistir o Santo Sacrifício da Missa, podemos oferecer a Deus o mais agradável sacrifício.  

Mas não basta comungar em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria. É preciso cumprir todas as condições que Nossa Senhora apresentou à irmã Lúcia: confissão; comunhão em estado de graça com a intenção de reparar o Coração de Maria; rezar o terço; e meditar por quinze minutos os mistérios do Rosário.

Penitência!

Existem fiéis católicos que se esquecem de fazer penitências. Talvez achem que a oração já seria o bastante. Essa atitude é bem diferente do que Nossa Senhora pediu em Fátima. Ela não separou a oração da penitência.

Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas. [7]

“Fazer sacrifícios” significa oferecer penitências. Não é nada extravagante. Todos nós podemos oferecer uma renúncia a Deus, mesmo que pequena. Assim, por exemplo, é possível renunciar a uma sobremesa e oferecer a Deus esse sacrifício pela conversão dos pecadores. Além disso, os deveres também podem ser oferecidos.

As crianças corresponderam com excepcionais atos de mortificação. Nós também somos chamados a fazer penitência, a fazer ao menos os sacrifícios necessários ao cumprimento de nossos deveres. [8]

A necessidade de penitência está ligada à nossa própria conversão interior. Ao longo da vida cristã, nós nunca estamos prontos. O nosso coração sempre pode purificar-se um pouco mais. A esse movimento de mudança chamamos de conversão.

A penitência interior é uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão para Deus de todo nosso coração, uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal e repugnância às más obras que cometemos. [9]

Os sacrifícios que oferecemos a Deus devem ser uma expressão exterior do desejo interior de conversão do coração. Não basta que um ato concreto, como o jejum, seja feito. É preciso que ele brote de dentro para fora, com abertura à vontade de Deus.

Devemos, então, prestar muita atenção para a nossa vida concreta. A conversão é um caminho diário de mudança de vida, de penitência em penitência. O amor a Deus e o amor aos irmãos não podem ser separados.

A conversão se realiza na vida cotidiana por meio de gestos de reconciliação, do cuidado dos pobres, do exercício e defesa da justiça e do direito, pela confissão das faltas aos irmãos, pela correção fraterna, pela revisão de vida, pelo exame de consciência, pela direção espiritual, pela aceitação dos sofrimentos, pela firmeza na perseguição pela justiça. Tomar sua cruz, cada dia, e seguir Jesus é o caminho mais seguro da penitência. [10]  

Um Caminho Seguro

Meditamos sobre a importância do terço, das comunhões reparadoras e da penitência. Esses pedidos nos mostram que Nossa Senhora veio até nós para nos colocar no caminho da santidade.

Nós não somos chamados à mediocridade deste mundo, mas sim à Vida Eterna. Por isso, é fundamental que fujamos de todo e qualquer pecado. Não é possível caminhar para o Céu se fizermos aliança com o pecado.

Que Nossa Senhora de Fátima interceda por todos nós!

Referências:

[1] Comunicação de Sua Eminência, o Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado de Sua Santidade. Fátima, 13 de maio de 2000.

[2] Padre Thomas McGlynn. A Visão de Fátima: a História de uma Imagem e seu Significado. São Paulo, Cultor de Livros, 2018. p. 75.

[3] São Luís Maria Grignion de Montfort. O Admirável Segredo do Santíssimo Rosário. Petrópolis, RJ: Vozes, 2018. p. 110-111.

[4] Idem, p. 111.

[5] Idem, p. 114.

[6] Irmã Lúcia. Memórias da Irmã Lúcia I. 13.ª ed. Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 2007. p. 192.

[7] Idem, 179.

[8] Padre Thomas McGlynn. A Visão de Fátima: a História de uma Imagem e seu Significado. São Paulo, Cultor de Livros, 2018. p. 194.

[9] Catecismo da Igreja Católica, 1431.

[10] Catecismo da Igreja Católica, 1435.