Espiritualidade
Inferno
Exorcismo

Uma Poderosa Oração que abala o inferno

Esta poderosa oração atua como uma espada espiritual, cortando e afastando as influências demoníacas.

Compartilhar Oração

Imagine esta situação…  

Um Papa fervoroso é movido por um desejo ardente de santidade, sempre buscando agradar a Deus e salvar as almas. Mas ao olhar para o mundo ao seu redor, o que ele vê é um cenário desolador.

O mundo está se afastando cada vez mais de Deus, afundando em um abismo de descristianização. Forças políticas e esotéricas se unem com o objetivo de destruir o cristianismo, conspirando para corroer as fundações da Igreja. Almas que, em gerações anteriores, encontrariam refúgio e orientação na Igreja agora se perdem, dispersas e desorientadas pela confusão moral, religiosa e social.

Poderíamos facilmente afirmar que esse cenário descreve o mundo de hoje. No entanto, essa já era a realidade enfrentada pelo Papa Leão XIII.

A visão do Papa Leão XIII

O papado de Leão XIII se estendeu por 25 anos (1878 – 1903). Durante esse período, políticos e reis, influenciados por seitas, tentavam enfraquecer cada vez mais a autoridade do Papa e, consequentemente, da Igreja no mundo. Foi então que algo inesperado aconteceu, tornando a missão do Vigário de Cristo na terra ainda mais desafiadora.

Através de uma visão sobrenatural, Deus revelou ao Papa Leão XIII a profundidade da batalha espiritual que se desenrolava contra a Igreja. Eis o relato da visão:

Foi um pouco depois de 1890. Certa manhã, o grande Papa Leão XIII, reverenciado por todo o mundo civilizado e alvo da ira da maçonaria internacional, havia celebrado a Santa Missa e estava assistindo uma outra [Missa] em ação de graças, como era seu costume.
A certa altura, ele foi visto levantando energicamente a cabeça, fixando o olhar e observando atentamente alguma coisa acima da cabeça do [Padre] celebrante. Ele olhava fixamente, sem piscar, com uma sensação de terror e perplexidade, ficando com o rosto pálido.
Algo de estranho e de grandioso acontecia nele (...) E o que ocorreu? Foi o seguinte: Deus revelou ao Papa uma conversa do próprio Deus com Satanás, semelhante àquela que ocorreu com Jó. Satanás se vangloriava de ter devastado a Igreja em larga escala (...)
Satanás então lançou um desafio a Deus: “Se me desses um pouco mais de liberdade, verias o que eu faria com a vossa Igreja!” [1]

Há também outro relato, sem tantos detalhes, mas que confirma a visão da batalha espiritual contra a Igreja. É um testemunho do Cardeal Nasalli, Arcebispo de Bolonha entre 1921 e 1952. Ele afirma:

Não é por acaso que o sapientíssimo Papa Leão XIII escreveu, ele mesmo, essa linda e forte oração, e ordenou a todos os sacerdotes que a recitassem após a celebração da Santa Missa...
Leão XIII realmente teve uma visão dos espíritos infernais, que se reuniam sobre a Cidade Eterna [Roma, sede da Igreja de Cristo], e foi desta experiência, que ele confidenciou ao Monsenhor [Rinaldo Angeli, seu secretário particular] que veio a oração [a São Miguel Arcanjo] que ele queria em toda a Igreja. [2]

A origem da Oração de São Miguel

Após essa visão durante a Santa Missa, o Papa Leão XIII, muito abalado, se trancou em seu escritório. Os membros da cúria, sem saberem o que tinha acontecido, foram atrás dele cheios de preocupação:

- Santo Padre! – gritaram com veemência – O senhor não está se sentindo bem? Precisa de algo?

- Nada, nada! – respondeu.

Depois de meia hora, ele chamou o Secretário da Sagrada Congregação dos Ritos e, entregando-lhe uma folha, ordenou que fosse impressa e enviada a todas as dioceses do mundo.

E o que estava escrito naquela folha?

A inflamada invocação ao Príncipe das milícias celestes, mais conhecida hoje como Oração a São Miguel Arcanjo, ou Pequeno Exorcismo do Papa Leão XIII.

O poder da Oração a São Miguel

Após a visão dos espíritos infernais sobre Roma e sabendo da grande batalha espiritual que é travada contra a Igreja, o Papa Leão XIII ordenou que algumas preces, dentre elas a Oração a São Miguel Arcanjo, fossem recitadas de joelhos nas Igrejas de todo o mundo, depois da celebração da Missa. O Papa mesmo a recitava com voz vibrante pelos corredores da Basílica Vaticana.

Nascida do coração aflito e cheio de fé de um sucessor de São Pedro, a Oração a São Miguel Arcanjo ressoa como um clamor urgente e fervoroso contra as forças das trevas. Esta oração é um escudo espiritual contra os ataques do maligno e seus demônios.

Nas Escrituras, vemos que São Miguel é o grande defensor da soberania de Deus, aquele que expulsou Satanás e os anjos rebeldes do Céu. Por consequência, São Miguel se tornou uma figura central na batalha espiritual pela salvação das almas, o Arcanjo que luta a favor de todos os homens que querem amar a Deus e serem santos.

Quando pronunciamos esta Oração, não estamos apenas repetindo palavras devocionais de séculos atrás. Em primeiro lugar, estamos reconhecendo que existe uma batalha espiritual em disputa. Depois, estamos clamando pelo auxílio do maior de todos os guerreiros celestiais, aquele que detém, pela humildade, o poder de liderar os exércitos angelicais de Deus.

Nosso escudo e nossa arma

Em um mundo onde o mal se disfarça de bem e onde as tentações são muitas, a Oração a São Miguel Arcanjo continua sendo um farol de esperança e uma força na luta pela nossa salvação.

É impressionante notar que o Papa Leão XIII ordenou que a Oração a São Miguel fosse rezada após a Santa Missa, o momento culminante de nossa comunhão com Deus. Essa prática mostra a importância do auxílio de São Miguel em tempos de crise espiritual na Igreja e no mundo.

Além disso, vemos que a oração não é apenas defensiva, como na súplica “defendei-nos no combate”; ela também é ofensiva, quando pedimos uma ação direta de São Miguel contra as forças do mal: “precipitai no inferno Satanás e a todos os espíritos malignos”. Assim, a oração atua como uma espada espiritual, cortando e afastando as influências demoníacas.

Devemos reconhecer que toda batalha do cristão não é travada apenas contra as forças malignas no mundo, mas também contra nossas próprias fraquezas. Por isso, a Oração a São Miguel, como escudo e arma espiritual, nos ajuda a enfrentar e repelir o mal em nossas lutas mais íntimas.

Em que momentos a Oração pode vir em nosso auxílio?

A seguir, apresentamos alguns exemplos de situações em que a Oração a São Miguel Arcanjo pode ser recitada para nos auxiliar nas batalhas pessoais:

  • Quando somos tentados à preguiça na hora de rezar;
  • Quando sentimos a inclinação de ser agressivos com alguém que nos contrariou;
  • Quando somos tentados a criticar nossos irmãos de comunidade, ou mesmo padres e bispos;
  • Quando pensamos em desistir de nossas práticas quaresmais;
  • Quando ficamos presos em pensamentos sobre pecados passados, já perdoados;
  • Quando sentimos vergonha de buscar a confissão sacramental;
  • Quando temos receio de professar nossa fé publicamente;
  • Quando somos tentados a desistir de levar alguém para Deus.

Façamos este exercício: reflitamos sobre nossa vida, as dificuldades espirituais que enfrentamos, os lugares que frequentamos e as pessoas com quem convivemos. E, então, disponhamo-nos a invocar São Miguel Arcanjo para nos auxiliar na busca diária pela santidade.

Dessa forma, a Oração a São Miguel Arcanjo será não apenas um “refúgio” que protege nossa resistência espiritual contra as tentações do maligno, mas também uma arma que fortalece nossa alma com coragem e determinação, para que vivamos como soldados preparados para a batalha da salvação.

Rezemos juntos

Peçamos, irmãos, a proteção de São Miguel Arcanjo e de nossos Santos Anjos da Guarda contra os males visíveis e invisíveis que ameaçam nossa alma e a Igreja.

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede nosso refúgio contra a maldade e as ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos; e vós, Príncipe da Milícia Celeste, pela virtude divina, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.

Referências

[1] Padre Domenico Pechenino ,OMV (Sobre a visão de Leão XIII). La Settimana del Clero, Ano II, número 12, 23 Março, 1947, pg. 1. Ano II, número 13, 30 Março, 1947, pg. 1-2.

[2] Sobre a visão de Leão XIII. Quaresma de 1946 (Bollettino della Diocesi di Bologna, Ano 36, números 1-3 (1946), 1ss).