É comum que os fiéis tenham dúvidas a respeito da confissão. Naturalmente, muitas são questões válidas. Não se deve, porém, criar dificuldades onde elas não existem. Confessar os pecados é sempre um encontro feliz com a Misericórdia de Cristo.
O confessionário é a porta aberta para a única casa que está sempre pronta a nos acolher. [1]
Hoje vamos meditar sobre como fazer uma boa confissão. O ponto de partida será a sabedoria de Santa Faustina Kowalska, que nos deixou três conselhos valiosos sobre a confissão frutuosa. Você vai se surpreender.
Como é bom aconselhar-se com os santos! Eles conhecem o Sagrado Coração de Jesus com profundidade e, do Céu, intercedem por nós. Santa Faustina nos conduz ao confessionário com muita delicadeza.
De Coração Aberto
O primeiro conselho de Santa Faustina é que o fiel abra o coração ao seu confessor. Você pode escolher à vontade o sacerdote com quem vai se confessar, mas deve falar com ele como quem fala com o próprio Cristo. Confissão não é bate-papo.
Em primeiro lugar, sinceridade e abertura. O mais santo e mais sábio confessor não consegue à força derramar na alma aquilo que deseja, se a alma não for sincera e aberta. [2]
É muito perigoso adotar uma atitude de desconfiança no confessionário. Talvez o padre nem perceba o seu fechamento interior, mas o Senhor enxerga tudo que acontece em seu coração. Ele não desperdiça Suas graças.
A alma insincera, reticente, expõe a grandes perigosos na vida espiritual e o próprio Senhor não se comunica a essa alma num nível elevado, porque sabe que ela não tiraria proveito dessas graças especiais. [3]
Não confunda essa falta de sinceridade com a omissão de um pecado. Quem esconde de propósito um pecado mortal viola a confissão, prejudicando a si mesmo! Uma coisa é esquecer-se dos pecados cometidos; outra coisa é lembrar-se deles, mas decidir não falar no confessionário.
Os que agem de outra forma, tentando ocultar conscientemente alguns pecados, não colocam diante da bondade divina nada que ela possa perdoar por intermédio do sacerdote. [4]
Vá ao confessionário com a alma disposta à reconciliação. Não tenha receio da Divina Misericórdia. O Senhor Jesus está de braços abertos para acolher o seu arrependimento. Confesse de coração aberto.
Sem Máscaras
O segundo conselho de Santa Faustina é que o fiel entre em contato com a própria miséria. Não é nada fácil! Você já percebeu que temos uma inclinação ao orgulho? No fundo, ele é uma máscara que nós usamos para nos escondermos de Deus.

A alma não tira o devido proveito do sacramento da confissão se não é humilde. O orgulho mantém a alma nas trevas. [5]
A princípio, reconhecer os próprios pecados traz em si um sentimento de humilhação. Logo em seguida, experimentamos que o Senhor nos ama incondicionalmente. É essa experiência que redefine a nossa vida e gera frutos.
Triste é aquele que dissimula seus pecados para fingir que está saudável! Como ele poderá ser curado, escondendo-se do médico? Essa é uma tentação muito comum. A sua raiz está na falta de humildade.
[A alma] não sabe e não quer descer devidamente no profundo da sua miséria; esconde-se atrás de uma máscara evitando tudo que a possa curar. [6]
Vá ao confessionário com a alma sem máscaras! Apresente as suas fraquezas e misérias sem se preocupar. Lance-se, como uma criança se lança nos braços do pai. Sua pureza de coração vai agradar ao Senhor.
Obediência
O terceiro conselho de Santa Faustina provém dos outros dois. Por acaso, uma alma desconfiada e orgulhosa conseguirá obedecer a Deus? É claro que não, porque ela vive voltada para si mesma.
A alma desobediente não obterá nenhuma vitória, ainda que o próprio Nosso Senhor a ouvisse diretamente em confissão. O mais experiente confessor em nada poderá ajudar a uma alma de tal natureza. [7]
Desobediência e desconfiança têm muito a ver com o pecado. Por desconfiar da bondade dos Dez Mandamentos, a pessoa se destrói caminhando para longe de Deus. Ela quer ser feliz sem Deus e acaba perdendo a Vida. “O salário do pecado é a morte” (Rm 6, 23). Como são numerosos os que trilham esse caminho!
O homem, tentado pelo Diabo, deixou morrer em seu coração a confiança em seu Criador e, abusando de sua liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. [8]
Não há padre que consiga tocar o coração obstinado na desobediência. É como se fosse uma porta fechada por dentro. Tenha cuidado com toda teimosia assim. Ela sugere que a alma esteja sob forte tentação diabólica.
O demônio com nenhum outro vício conduz mais seguramente uma alma à perdição quando lhe introduz uma certa teimosia, com a qual, ignorando os conselhos das pessoas mais autorizadas, se apoie somente em seu juízo. [9]
Ir ao confessionário é um ato de obediência, mas ele deve ser acompanhado com a firme determinação de não mais pecar. É fundamental obedecer aos Mandamentos de Deus.
Uma Distinção Conveniente
Algumas pessoas confundem suas emoções com o arrependimento. Mas são coisas bem distintas. Quem se arrependeu é uma pessoa decidida a não mais cometer pecado algum. Pode até acontecer que chore no confessionário, mas não é preciso que derrame lágrimas.
Existem pessoas que choram, choram e choram quando falam de seus pecados, mas não querem mudar — essas não estão arrependidas! Por que choram, então? Talvez porque o pecado lhes tenha ferido a autoimagem. É um caso de narcisismo. A pessoa se acha tão boa que fica constrangida por descobrir uma incoerência na sua conduta.
Devemos entrar no confessionário arrependidos, com a decisão de não mais pecar. Confessaŕ é um ato de aceitação da responsabilidade pessoal pelos atos maus cometidos livremente e com conhecimento de causa.
Confessar nossos pecados é aceitar a responsabilidade por nossas ações e suas consequências; é assumir a culpa diretamente sobre os nossos ombros; é admitir que a decisão de pecar foi unicamente nossa; é fazer tudo isso — da melhor forma possível — sem desculpas, renúncias, ou eufemismos. [10]
É bom ter um confessor de confiança. Com o tempo, ele vai conhecendo o seu perfil espiritual. Os pecados podem ter maior ou menor gravidade, conforme uma série de circunstâncias.
Um confessor que nos conhece saberá, melhor do que nós, nos mostrar os obstáculos que aparecem entre nós e o Céu. Um confessor humilde conhece nossas circunstâncias de vida, nossas tentações mais comuns, nossos pontos fracos, mas também nossos pontos fortes. Assim preparado, ele pode cuidar de nós adequadamente, apontando-nos um pecado recorrente e uma falha dominante. [11]
Lembre-se de que a experiência da confissão é sempre uma reconciliação. Ela renova a nossa vida espiritual.
Examinando a Consciência
Estamos nos aproximando do Natal. Esse é um bom momento para nós prepararmos uma boa confissão! Com a alma limpa, nós vamos acolher o Menino-Deus com mais amor e conseguir nos doar mais às nossas famílias.
Não tenha medo do confessionário. Neste mundo, ele é o lugar privilegiado de experiência com a Divina Misericórdia. Quanto mais abrirmos o nosso coração, mais seremos curados de nossas misérias.
Que Nossa Senhora e Santa Faustina intercedam por todos nós!
Referências
[1] Scott Hahn. Senhor, Tende Piedade — 3ª Edição. Lorena, SP: Cléofas, 2018. p. 154.
[2] Santa Faustina Kowalska. Diário: a Misericórdia Divina em minha alma — 41ª Edição. Curitiba, PR: Editora Apostolado da Divina Misericórdia, 2015. p. 62.
[3] Ibid, p. 62-63.
[4] Catecismo da Igreja Católica, 1456.
[5] Santa Faustina Kowalska. Diário: a Misericórdia Divina em minha alma — 41ª Edição. Curitiba, PR: Editora Apostolado da Divina Misericórdia, 2015. p. 63.
[6] Ibid.
[7] Ibid.
[8] Catecismo da Igreja Católica, 397.
[9] Padre Scaramelli, S.J. Discernimento dos Espíritos. Campinas, SP: Ecclesiae, 2015. p. 88.
[10] Scott Hahn. Senhor, Tende Piedade — 3ª Edição. Lorena, SP: Cléofas, 2018. p. 59.
[11] Ibid, p. 136.






