Bíblia
Virgem Maria

Como a Virgem Maria viveu o primeiro Advento da história?

Consagremos o nosso Advento à Maria, ela viveu com esperança e cheia de santa expectativa a chegada do Deus Menino.

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Todos os santos amaram a Jesus de coração inteiro. Muitos, como Santo Inácio de Antioquia, chegaram a ser torturados em público por homens perversos que tentavam eliminar a Igreja.  Outros tantos não foram mártires de sangue, mas amaram o Senhor com um amor tão puro que até hoje nos emociona, a exemplo de Santa Clara ou de São Bento.

Mesmo assim, não houve santo que amasse Jesus como a Virgem Maria o amou! Não é exagero dizer que Ela atingiu a plenitude do amor humano ao Senhor. É impossível amá-lo mais que Maria! E são duas as razões disso. Será que você sabe quais são?  Uma é natural; e a outra, sobrenatural.

A Virgem Maria amou Jesus tanto assim porque era a Sua mãe. Nós temos facilidade de entender essa verdade natural. Na nossa experiência de vida, nós constatamos que o amor das mães é sempre incondicional. Elas enxergam seus filhos com um olhar único. Não seria diferente com a Mãe do Senhor.

Mas existe uma outra largura no amor da Virgem Maria. É que seu amor provém de um coração que não foi ferido pelo pecado. A Imaculada se une a Deus como nós não conseguimos, pois ainda estamos muito presos às ilusões da carne e às seduções do mundo pelo egoísmo. Até o anjo Gabriel se impressionou com a pureza de Maria.

O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo” (Lc 1, 23)

Mas será que o Senhor não está com todos nós? Sim, é claro que está; somos nós que nem sempre estamos com Ele. Vivemos dispersos, distraídos. É tão fácil esquecer o dever, a oração e tudo o mais…

Com a Virgem Maria, não era assim. Seu Coração Imaculado estava totalmente voltado a Deus. É por isso que não foi a simples concepção ou gestação que conferiu à Virgem Maria seu papel na história da Salvação, mas sim a sua fé puríssima.

Maria é mais bem-aventurada recebendo a fé de Cristo do que concebendo a carne de Cristo. [1]

Quanto mais fé, mais amor se pode ter por Jesus. Você já percebeu que fé e amor caminham juntos? A fé de Maria foi provada ao longo de toda a sua vida, e Ela nunca recuou. Seu amor por Jesus é um farol que nos ajuda a dar passos que, sozinhos, não conseguiríamos.

Em relação a todos e cada um dos cristãos e a cada um dos homens, Maria é a primeira na fé: é «aquela que acreditou»; e, precisamente com esta sua fé de esposa e de mãe, ela quer atuar em favor de todos os que a ela se entregam como filhos. [2]

Como é a nossa entrega ao Senhor? Não somos imaculados, portanto não devemos nos surpreender com incoerências. Mas temos uma firme decisão, um direcionamento claro em nossa vida? Recorremos com humildade ao auxílio maternal de Maria?

Este texto é um convite para você viver o tempo do advento de modo mais frutuoso, com Maria. Vamos nos aproximar do Imaculado Coração de Maria para acolhermos melhor o Filho de Deus.

Uma Espera cheia de Esperança

Desde que Deus prometeu ao rei Davi que seu trono seria inabalável, o Povo de Israel esperou a vinda do Messias com fé. Aconteceu, porém, que nem todos os israelitas permaneceram fiéis ao longo dos séculos.  

Suscitarei um descendente teu para te suceder, saindo de tuas entranhas, e eu firmarei o teu reino. Ele construirá uma casa para o meu nome, e eu firmarei o trono de seu reino para sempre. (2Sm 7, 12-13)

Para muitos, a invasão de povos estrangeiros parecia relativizar essa promessa. Não é um pensamento comum para todos nós? Às vezes, quando nós constatamos que algo de ruim aconteceu, duvidamos do amor de Deus. Precisamos aprender com Maria a acreditar nas promessas do Senhor, esperando em meio aos desafios da vida.

A Virgem Maria grávida

O tempo em que Jesus nasceu não era fácil para o povo de Israel. O Império Romano havia conquistado toda a região e imposto aos israelitas um rei estrangeiro, Herodes. Como se não bastasse viver sob a dominação dos pagãos, eles ainda tinham que lhes pagar taxas. Era uma grande humilhação.

Ainda assim, a Virgem Maria não duvidou do amor de Deus! Ela manteve seu coração enraizado no Senhor, cheia de esperança. Foi assim que o anjo Gabriel, maravilhado com a obra de Deus em Maria, exclamou que Ela se alegrasse (Lc 1, 28). Eram palavras que brotavam do Antigo Testamento.

O chamado a alegrar-se ecoa passagens do Antigo Testamento que tratam da filha de Sião. Nos profetas, isso se refere à Mãe Jerusalém, cujos filhos fiéis se regozijarão na era messiânica, porque Deus escolheu habitar no meio deles (Jl 2, 23-24; Sf 3, 14-17; Zc 9, 9). [3]

E nós? Será que enfrentamos as dificuldades da vida com esperança? Ficamos frustrados, com o rosto abatido, ou temos a firme convicção de que o Senhor está no controle de todos os acontecimentos?

Neste ano jubilar, a Igreja nos convida a crescermos na virtude da esperança. Por mais que haja contrariedades em sua vida, lembre-se de que você não está só. Peregrinamos juntos, com Maria.

O próximo Jubileu há de ser um Ano Santo caracterizado pela esperança que não conhece ocaso, a esperança em Deus. [4]  

Fidelidade e Esperança

Temos na fidelidade de Maria um ponto de referência para acalmar o nosso coração em tempos agitados. Quando o Menino estava para nascer, o imperador Augusto determinou um grande recenseamento e Ela teve que se deslocar, com São José, para Belém.

Quando estavam ali, completaram-se os dias de ela dar à luz. (Lc 2, 6)

De um modo misterioso, as Escrituras foram cumpridas! O Messias devia nascer em Belém (Mq 5, 1). Somos chamados a meditar sobre o modo como tudo isso aconteceu. Ao contrário do que podíamos esperar, o Verbo de Deus Encarnado entrou no mundo da maneira mais humilde possível.

Não havia lugar para eles na hospedaria. (Lc 2, 7)

As portas da hospedaria estavam fechadas, mas havia um estábulo disponível. Nada disso abalou a esperança da Virgem Maria. Seu Coração Imaculado confiava em Deus, cujo amor governa todas as coisas.  

A esperança cristã não é um final feliz que deve ser aguardado passivamente, não é um happy end de um filme: é a promessa do Senhor a ser acolhida aqui e agora, nesta terra que sofre e geme. [5]

A Virgem Maria é a imagem mais perfeita da fidelidade de Israel a Deus. Ela tem muito a nos ensinar. Não tenha receio de aproximar-se do mistério da intimidade que une Jesus e Maria; ambos estão unidos em um grande amor.

O que a fé católica crê acerca de Maria funda-se no que ela crê acerca de Cristo, mas o que a fé ensina sobre Maria ilumina, por sua vez, sua fé em Cristo. [6]

Lembre-se de que o Senhor Jesus poderia ter vindo a nós por muitos outros meios, mas escolheu vir por meio de Maria. Foi uma decisão da Sua sabedoria.  Aquele que se aproxima de Maria, além de cumprir um mandamento bíblico (Lc 1, 48), obedece à própria lógica do amor de Cristo por nós.

Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por meio dela que Ele deve reinar no mundo. [7]

Assim como o Filho, a Mãe viveu uma vida comum como a nossa. Também Ela passou por muitas dificuldades, como as suas. A Virgem Maria pode ajudar você a atravessar terrenos montanhosos na vida com o olhar voltado ao alto.

Seus gestos tinham, como permanência obrigatória, o perímetro das coisas concretas. Embora a transcendência fosse a experiência para a qual Deus frequentemente a chamava, Maria não se sentia dispensada do esforço de estar com os pés no chão. [8]

Está chegando o Menino  

Neste tempo de advento, aproxime-se mais de Maria. Peça-lhe, em sua oração pessoal, que Ela prepare o seu coração para a chegada do Natal do Senhor. Ela conhece seu coração e vai ficar muito feliz com seu desejo de intimidade. Apresente-lhe todas as suas intenções e não se esqueça de rezar pelos padres.

Que a Virgem Maria nos ensine a esperar o Deus Menino com as mesmas expectativas que existiam em seu Coração!

Referências

[1] Catecismo da Igreja Católica, 506.

[2] Papa João Paulo II. Redemptoris Mater, 46.

[3] Scott Hahn & Curtis Mitch. O Evangelho de São Lucas: Cadernos de Estudo Bíblico. Campinas, SP: Ecclesiae, 2015. p. 28.

[4] Papa Francisco. Spes non confundit, 25.

[5] Papa Francisco. Homilia da Solenidade de Natal. 24 de dezembro de 2024.

[6] Catecismo da Igreja Católica, 487.

[7] São Luís Maria Grignion de Montfort. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2022. p. 15.

[8] Don Tonino Bello. Maria, mulher de nossos dias. São Paulo: Paulinas, 2014. p. 15.