Traduzido e adaptado de Ten Short Lenten Meditations on Death & Eternity, do Padre Ed Broom, OMV.
Princípio e Fundamento
O homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus, Nosso Senhor, e assim salvar sua alma. As outras coisas na face da terra são criadas para o homem, para que o ajudem a alcançar o fim para o qual foi criado. (Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, 23)
No pensamento de Santo Inácio de Loyola, uma das ferramentas mais eficazes para aproximar-se de Deus, para renunciar à realidade do pecado e suas consequências é a meditação sobre o que se chama de As Últimas Coisas. Na teologia, é chamado de escatologia - o estudo das últimas coisas.
Portanto, vamos reservar tempo, energia e boa vontade para meditar sobre a realidade das Últimas Coisas durante a nossa vida. Os temas são muito sérios, porém pertinentes para a obtenção de nossa salvação eterna - a vivência do Princípio e Fundamento.
O Que São as Últimas Coisas?
As Últimas Coisas são as seguintes: a realidade da MORTE. depois da qual vem o JULGAMENTO, que decide o destino eterno da pessoa: ou o CÉU, ou a realidade do INFERNO.
Como católicos, nós também defendemos a realidade do Purgatório - um lugar temporário de purificação, que, ao fim, conduz ao Céu. Então, nós temos: a Morte; o Julgamento; o Céu; o Inferno; e o Purgatório.
Permeando toda a realidade das Últimas Coisas (Morte, Julgamento, Céu, Inferno e Purgatório), está a inquietante mas verdadeira realidade da eternidade - para sempre e sem fim.
Nós vamos oferecer uma meditação e passagem bíblica sobre a realidade da Morte - vamos explicar o texto e extrair vários pontos e conclusões para a nossa meditação e para uma união mais profunda com Deus. Um dos propósitos primordiais da meditação sobre as Últimas Coisas - Morte, Julgamento, Céu, Inferno, bem como o Purgatório - é ajudar-nos a refletir sobre a brevidade da vida, a seriedade de viver o Princípio e Fundamento e sobre a possibilidade de morrer em pecado grave. Mas também a importância de meditar sobre o Céu e de desejar alcançá-lo com todo o esforço de nosso ser.
Nesta meditação sobre a Morte, a passagem bíblica apresentada para o nosso enriquecimento e crescimento espiritual será uma morte que não foi exemplar, uma morte que não acabou bem, a morte de um homem muito famoso que não obedeceu a Deus. A meditação será sobre a morte do Líder de Israel, o rei Saul, que seria substituído por Davi como o novo Rei de Israel.
Uma Breve Descrição do Rei Saul
Saul tinha muitas qualidades. Ele era alto, forte, bonito; e era um bom comandante militar, até certo ponto. Mas a ruína de Saul foi a desobediência a Deus, como também a inveja e o ciúme para com Davi. Finalmente, no meio de uma batalha perdida, Saul acabou com a sua vida atirando-se sobre a própria espada, para que não fosse humilhado e morto pelos inimigos. Em outras palavras, Saul era um homem de fé, mas ele não colocou em prática o que ele tinha aprendido com a sua fé.
O Motivo desta Meditação
O motivo principal desta meditação é o seguinte: suplicar a graça da humildade, obediência e perseverança com uma fé que é apoiada por boas obras que agradem ao Deus Todo Poderoso. Além disso, esta meditação deve, em boa consciência, motivar-nos a renunciar ao pecado e todas suas armadilhas, bem como a tudo que nos conduz ao pecado.
Mas também deve haver um desejo sincero em nossa oração de ser humildes e de reconhecer que, como o rei Saul, nós podemos cair e terminar nossas vidas distantes do nosso Deus e Pai de amor. Em resumo, nós também podemos decidir abusar de nossa liberdade, ao invés de usá-la para honrar e louvar a Deus e para salvar nossas almas!
Meditações sobre a Realidade da Morte
1. O que é a morte?
Uma definição curta e sucinta da morte é esta: “a separação da alma e do corpo”. Essa é a definição teológica de morte.
2. Quando vamos morrer?
Um bom provérbio que aprendi de uma mulher santa e idosa na Argentina diz tudo: “La Muerte es lo más cierto, pero es lo más incierto.” (A morte é o mais certo, mas é também o mais incerto). Esse provérbio nos ensina que todos nós vamos morrer um dia, mas nós não sabemos nem o dia nem a hora.
3. As Duas Piores Coisas.
As duas piores coisas que podem acontecer conosco são cometer um pecado mortal e, pior ainda, morrer em estado de pecado mortal. Se nós cometemos um pecado mortal, ainda há esperança; nós sempre podemos retornar a Deus através do arrependimento e da Confissão. Contudo, se nós morrermos em pecado mortal, então nós perderemos a nossa alma imortal por toda a eternidade!
4. O Ensinamento de Jesus sobre a Morte
Volta e meia no ensinamento de Jesus e em muitas das Suas Parábolas - grandes recursos de história e ensinamento - Jesus ensina que nós devemos sempre, e eu digo sempre, ficar vigilantes. Por “vigilantes”, Jesus quer dizer que nós devemos estar prontos e em guarda. Jesus diz:
A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. Vigiai, portanto, pois não sabeis nem o dia nem a hora. (Mt 24, 37. 25, 13)
5. Os Santos e a Realidade da Morte
Muitos santos meditaram sobre a realidade da morte. Em verdade, Santo Afonso de Ligório escreveu um livro intitulado “Preparação para a Morte”. Os santos insistiram que devemos viver cada dia da nossa vida como se fosse o último dia dela. Um dia será uma realidade. Nós não sabemos quando, então temos que estar preparados!
6. A Nossa Vida e Morte
Na “Imitação de Cristo”, um clássico escrito por Tomás de Kempis, ele declara: “não é importante uma vida longa, mas sim uma vida santa”. Santo Inácio de Loyola, em Princípio e Fundamento, reitera a mesma verdade: “a saúde não é mais importante que a doença, nem uma vida longa que uma vida curta, riquezas que pobreza, ou honras que humilhações, acima de tudo nós temos que salvar nossas almas.”
7. Perseverança na Graça até o Fim
Quando você meditar sobre a queda do rei Saul e sua morte infeliz, você deve pensar seriamente sobre a sua vida neste momento e sobre a possibilidade de perder a graça. Então, com todo o fervor de sua alma, você deve implorar, por meio da intercessão de Nossa Senhora, a graça da perseverança final. Como Santo Afonso nos ensinou: “a graça de todas as graças é morrer em estado de graça”. Isso significa a salvação da sua alma!
8. Um Chamado à Conversão
Meditar sobre a realidade desoladora e sóbria da morte deve conduzir você a mergulhar fundo no interior do seu coração para localizar qual é o maior obstáculo, o maior bloqueio para você alcançar a salvação eterna. As primeiras palavras de Jesus em Sua vida pública foram estas:
Arrependei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo. (Mt 3, 2)
9. Fique alerta!
O rei Saul era famoso. Ele tinha poder. Tinha luxo e prazeres. Tudo isso pode ser um obstáculo na vida de um seguidor de Jesus Cristo. Abra seus olhos e fique atento para os tentáculos insidiosos que o demônio pode usar para capturar você! Permaneça atento e seja vigilante!
10. Desânimo e Desespero
Santa Faustina Kowalska, no livro “Diário: A Misericórdia Divina na Minha Alma”, declara que o pior de todos os pecados é o de não confiar na Toda-poderosa e Infalível Misericórdia de Deus. A causa radical da ruína do rei Saul foi tanto o orgulho quanto a falta de confiança no amor e na misericórdia de Deus. O salmista ensina: O Senhor é compassivo e clemente, lento para a ira e rico em misericórdia. (Salmo 103 [102], 8). Apesar das nossas fraquezas, limitações e das muitas falhas, nós nunca devemos perder a confiança em Deus!
Oração Final
Implore à Nossa Senhora a graça de ser humilde, de confiar em Deus, de retornar sempre a Deus depois de ter errado, com uma confiança ilimitada em Seu Amor Infinito e Sua Misericórdia!
Reze com fervor a Ave-Maria e peça a graça das graças: uma feliz e santa morte!
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
Nossa Senhora da boa morte, rogai por nós!
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