A instituição da Eucaristia aconteceu no momento mais solene da vida de Jesus. Com ela, o Senhor iniciou os três dias decisivos em que cumpriu a Sua missão redentora. É o maior tesouro da Igreja.
A Eucaristia é “a fonte e o ápice de toda a vida cristã”. [1]
Essa afirmação não é um exagero. Na época dos Apóstolos, não se duvidava que ser cristão era participar da santa missa. Nós precisamos ter consciência da graça que recebemos do Senhor.
Ser cristão era ir à missa, o que era verdade desde o primeiro dia da nova aliança. Algumas horas depois de ressuscitar dos mortos, Jesus pôs-se à mesa com dois discípulos. [2]
Neste artigo vamos meditar sobre os milagres eucarísticos. Será que você conhece algum milagre eucarístico? Primeiro, vamos nos voltar para o essencial. Veremos como é importante crer na Eucaristia, com a Igreja. Em seguida, vamos aprender que o Senhor nos auxilia a crer. Ele nos concede fenômenos inexplicáveis para nos motivar a amar a Verdade. Em seguida, conheceremos dois milagres eucarísticos. Por fim, vamos apresentar algumas sugestões práticas para você levar este texto à sua vida de oração.
Cremos em Jesus
A Igreja leva a sério as Palavras de Jesus. Foi o próprio Senhor quem instituiu a necessidade de comer a Sua carne e de beber o Seu sangue. Ele disse ainda que era uma condição para termos a vida em nós.
Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna, e eu ressuscitarei no último dia. (Jo 6, 54-55)
As pessoas que ouviram essas palavras sabiam que não se tratava de uma metáfora. Acharam tão duro seguir esse ensinamento que abandonaram Jesus! Mas o Senhor não voltou atrás. Muito pelo contrário, confirmou tudo que disse com uma pergunta.
A partir desse momento, muitos discípulos se afastaram e não mais andavam com ele. Jesus disse aos Doze: “Vós também quereis ir embora?” (Jo 6, 66-67)
A fé da Igreja é constante desde o tempo dos Apóstolos. São Paulo, por exemplo, que escreveu sua primeira carta aos coríntios por volta do ano 56, fez questão de esclarecer seus leitores de que a Eucaristia não é um símbolo da carne e sangue de Cristo.
Examine-se cada um a si mesmo e, assim, coma do pão e beba do cálice; pois, quem come e bebe sem distinguir devidamente o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação. (1Cor 11, 28-29)
Ao longo dos séculos, a Igreja manteve inabalável a fé na Eucaristia. As gerações de santos que chamamos de Padres da Igreja deram um testemunho uniforme de que o pão e o vinho se transformam em Corpo e Sangue de Cristo na consagração.
Também nos Padres da Igreja, desde os primeiros testemunhos - pensemos em Justino Mártir e Inácio de Antioquia -, não há nenhuma dúvida sobre o grande mistério dessa presença que nos é doada, sobre a transformação dos dons na oração eucarístia. [3]
Com toda a Igreja, cremos na presença real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho. Trata-se de uma presença que só pode ser discernida pela fé. É pela autoridade do próprio Deus que nós assentimos naquilo que não vemos com os próprios olhos.
“A presença do verdadeiro Corpo de Cristo e do verdadeiro Sangue de Cristo neste sacramento ‘não se pode descobrir pelos sentidos, diz Santo Tomás, mas só com fé, baseada na autoridade de Deus’ (...)” [4]
Nós somos homens fracos na fé (Mt 8, 26). No entanto, o Senhor se compadece de nós e vem em nosso auxílio. Muitos milagres eucarísticos fortalecem a nossa fé, consolam nossos corações e nos ajudam a perseverar em meio às dificuldades.
Milagres Eucarísticos
Toda missa é um grande milagre. Não vemos com olhos da face, mas a “transubstanciação” ocorre durante a liturgia. Esse é o nome técnico da transformação do pão e do vinho em Corpo e Sangue de Cristo.
Pela consagração do pão e do vinho opera-se a mudança de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo Nosso Senhor e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue. [5]
Somos chamados a crer nesse grande mistério, sem vê-lo com os olhos do corpo (Jo, 29). No entanto, em alguns momentos da história da Igreja, o Senhor concede um dom especial. São acontecimentos extraordinários que confirmam a fé da Igreja.
Milagre Eucarístico de Buenos Aires (Argentina)
Aconteceu um milagre eucarístico em Buenos Aires há quase trinta anos. Certo padre, depois de celebrar a missa, soube que uma hóstia estava abandonada na paróquia. Com reverência, ele tratou de recolhê-la. Depositou a hóstia em uma tigela com água e guardou o recipiente no tabernáculo.
Em poucos dias, ela passou a expelir sangue. Exames científicos foram realizados, a pedido do arcebispo Jorge Bergoglio - que, aliás, seria eleito papa cerca de vinte anos após esse evento.
Estudos minuciosos foram realizados. Comprovou-se que se trata de tecido cardíaco humano, com glóbulos brancos, o que indicava que aquele coração sofreu uma lesão traumática. Outro dado surpreendente era que o coração vinha de uma pessoa viva, não de um falecido.
Os tecidos cardíacos tinham sofrido alterações degenerativas no miocárdio, possivelmente devido à obstrução de uma artéria coronária que fornece nutrientes e oxigênio a uma zona do músculo cardíaco. Essa obstrução pode ser o resultado de… um forte golpe no peito acima do coração. [6]
Não foi o único milagre eucarístico que ocorreu em Buenos Aires na década de 1990. Em ambos os casos, o sangue que jorrou da hóstia consagrada era do mesmo tipo e tinham sinais de vida recente.
O sangue é sangue humano, do tipo AB, com todos os sinais de vida recente - ou às vezes de vida presente. [7]
Milagre Eucarístico de Lanciano (Itália)
Aconteceram muitos milagres eucarísticos. Um dos mais conhecidos é o de Lanciano, na Itália. Foi no ano de 750. Um sacerdote teve uma dúvida de fé enquanto consagrava as espécies eucarísticas. De repente, perante todos, o pão e o vinho se transformaram em carne e sangue! Eles estão expostos até hoje na Igreja.
Na década de 1970, com os recursos da ciência moderna, investigações foram realizadas. O conselho superior da Organização Mundial da Saúde designou uma comissão científica para estudar o caso. Os trabalhos duraram mais de um ano, e quinhentos exames foram realizados na amostra.

Quanto à natureza dos tecidos de carne, a comissão declarou que se trata de um tecido vivo, porque responde rapidamente às reações clínicas próprias dos seres vivos. A Carne e o Sangue de Lanciano permanecem com características semelhantes às recém-recolhidas de um ser humano. [8]
Embora já contem mais de mil e duzentos anos, a carne e o sangue de Lanciano parecem frescos. A carne é certamente cardíaca, e o tipo sanguíneo é o mesmo do milagre eucarístico de Buenos Aires (AB).
A Organização Mundial da Saúde, as Nações Unidas e outras conduziram estudos. Foi concluído que a carne é tecido cardíaco, especialmente do ventrículo esquerdo do coração, e, ao que tudo indica, o sangue parecia fresco, não como sangue de mais de mil anos. O tipo sanguíneo foi identificado como AB. [9]
Um Carinho de Deus
A nossa fé não depende de milagres eucarísticos. Nós cremos em Jesus e confiamos que Ele cumpre a Sua Palavra. A Igreja vai continuar a celebrar a Eucaristia até que o Senhor retorne (1Cor 11, 26).
Não é uma questão de dogma crer em milagres eucarísticos. Mesmo assim, é com grande alegria que recebemos os milagres eucarísticos. Eles são mais uma prova de amor, um carinho de Deus. O Senhor é capaz de intervir na história, mostrando que Se faz próximo de nós.
O milagre eucarístico deve nos levar a meditar sobre a nossa participação na Ceia do Senhor. Como será que estamos comungando? Discernimos o Corpo do Senhor com responsabilidade? Nós nos preparamos para comungar bem, confessando os pecados regularmente? Qual o efeito que as nossas comunhões têm tido em nossas vidas concretas? Essas são questões que devemos levar para a nossa vida de oração, sobretudo para as visitas ao Santíssimo Sacramento.
Que Nossa Senhora, Serva da Eucaristia, interceda por nós e acenda em nossos corações o amor pelo Pão da Vida!
Referências:
[1] Catecismo da Igreja Católica, 1324.
[2] Scott Hahn. O Banquete do Cordeiro. São Paulo, SP: Edições Loyola, 2014. p. 41-42.
[3] Bento XVI. Introdução ao Espírito da Liturgia. São Paulo, SP: Edições Loyola, 2015. p. 76.
[4] Catecismo da Igreja Católica, 1381.
[5] Catecismo da Igreja Católica, 1379.
[7] Paul Senz. Doubt the Real presence? Try a Blood Miracle in: catholic.com acessado em 16 de junho de 2025.
[8] Lista de Milagres: Lanciano, 750 D.C, disponível em: Miracoli Eucarístici Lanciano.
[9] Paul Senz. Doubt the Real presence? Try a Blood Miracle in: catholic.com acessado em 16 de junho de 2025.