Espiritualidade

O que você precisa saber para Comungar bem?

A vida cristã alimenta-se da Eucaristia. Receber Jesus no Santíssimo Sacramento é a experiência mais extraordinária que existe!

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Toda vez que a Igreja celebra a santa missa acontece o maior milagre que o mundo já conheceu. O Senhor Jesus continua a fazer-se presente entre nós, sob a aparência do pão e do vinho.

Encontram-se no cerne da celebração da Eucaristia o pão e o vinho, os quais, pelas palavras de Cristo e pela invocação do Espírito Santo, se torna o Corpo e Sangue de Cristo. [1]

Por ordem expressa do Senhor, a Igreja continua a celebrar a Eucaristia de geração em geração até o Seu retorno glorioso. Ele quis que assim fosse, portanto instituiu o sacramento dos sacramentos antes da Paixão.

A missa é o cumprimento pela Igreja de uma ordem explícita de Jesus Cristo, emitida num momento crucial de Seu ministério, uma ordem registrada no Evangelho e numa carta de São Paulo. [2]

É por isso que a Eucaristia ocupa o centro da vida cristã. Ela é o próprio Senhor, presente e acessível no meio de nós. Na Igreja, nós entramos em comunhão com o mistério do Amor de Cristo (1Jo 4, 10).

O olhar da Igreja volta-se continuamente para o seu Senhor, presente no sacramento do Altar, onde descobre a plena manifestação do seu imenso amor. [3]

Neste artigo, vamos meditar sobre os meios para comungar bem. Primeiro, veremos que existe o risco de comungarmos mal. Não basta receber a hóstia consagrada! Depois, vamos aprender que há momentos da vida em que é melhor buscar o confessionário antes de entrar na fila da comunhão. Em seguida, chegaremos mais de perto ao tema. Veremos que a Eucaristia é o maior tesouro que temos.

Sacramento da Comunhão

A comunhão é sempre um grande momento da nossa vida cristã. Ela pressupõe que nós, batizados, nos preparemos para receber o Senhor. Trata-se de um ato cheio de responsabilidade espiritual. Não podemos comungar de qualquer jeito!

Examine-se cada um a si mesmo e, assim, coma do pão e beba do cálice; pois, quem come e bebe sem distinguir devidamente o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação. (1Cor 11, 28-29)

Há quem se condene por aproximar-se indignamente da Eucaristia. São pessoas que sabem que cometeram pecado grave e não se confessaram. Será que você já incorreu nessa falta grave? Se for o caso, não se desespere.

A Comunhão dos Apóstolos, pintura de Luca Giordano.

Aproveite o conhecimento espiritual que acabou de receber para arrepender-se e buscar o confessionário. Lembre-se que o Senhor quer a nossa salvação. Basta que nós sejamos dóceis a Seus ensinamentos.  

Quem está consciente de um pecado grave deve receber o sacramento da reconciliação antes de receber a comunhão. [4]  

Mas o que será um pecado grave? No fundo, “pecado grave” significa  o mesmo que pecado mortal. É o que veremos na próxima seção.

Pecados Mortais e Veniais

O primeiro passo para discernir a gravidade de um pecado é conhecer a própria definição de pecado. Não se trata de uma explicação meramente teórica. Entendendo a catequese básica, podemos nos posicionar melhor na vida.

O que faz quem peca? Desconfia da bondade de Deus! Ao invés de buscar a felicidade naquilo que o Senhor nos propõe, a pessoa se destrói seguindo falsos caminhos. É um ato de desobediência, de rebelião.  

O pecado ergue-se contra o amor de Deus por nós e desvia dele os nossos corações. Como o primeiro pecado, é uma desobediência, uma revolta contra Deus, por vontade de tornar-se “como deuses”, conhecendo e determinando o bem e o mal (Gn 3, 5). [5]

Todo pecado é um ato horroroso, seja ele mortal ou venial. Algumas pessoas acham que basta combater os pecados mortais. Elas estão equivocadas. É muito perigoso fechar os olhos para o que nos afasta de Deus.

Os pecados veniais significam uma doença espiritual; os mortais significam a morte espiritual. [6]

Para falarmos de pecado mortal, nós devemos observar se estão presentes estas três condições: uma violação dos Dez Mandamentos; pleno conhecimento do pecado; e pleno consentimento pessoal nele.

É pecado mortal todo pecado que tem como objeto uma matéria grave, e que é cometido com plena consciência e deliberadamente. [7]  

E se faltar uma dessas condições? Pode ser que uma pessoa até tenha desobedecido à Lei de Deus, mas que não soubesse claramente o que estava fazendo. Nesse caso a pessoa teria cometido um pecado, mas o seu pecado seria venial ou leve.

Comete-se pecado venial quando não se observa, em matéria leve, a medida prescrita pela lei moral, ou então quando se desobedece à lei moral em matéria grave, mas sem pleno conhecimento ou sem pleno consentimento. [8]

Não devemos descuidar dos pecados veniais, como se fossem coisas sem importância! Eles nos ferem e  adoecem. Se nós nos acostumarmos com eles, poderemos até mesmo cair no pecado mortal.

Especialmente se são comuns, os pecados veniais nos tornam fracos em nossa resistência contra o pecado mortal. Eles são a ponta fina da cunha do pecado em nossas vidas. [9]

Talvez você tenha ficado em dúvida. Não se preocupe. O melhor a fazer agora é aprender a distinguir o pecado mortal do venial com a ajuda do seu confessor. Leve seus pecados pessoais para o confessionário. Pouco a pouco, as referências da catequese básica vão se tornando claras.

Uma Experiência Extraordinária

Para comungarmos bem, não basta que tenhamos confessado os nossos pecados. É preciso uma boa disposição da alma, para acolher o Senhor que vem até nós. Quem comunga deve desejar uma união íntima com Cristo.

A experiência de Deus, a união com ele, se realiza antes de tudo, nas bodas do Cordeiro. E a intimidade inefável destas bodas é sugerida pela refeição espiritual do banquete nupcial, quer dizer, por uma assimilação total do pão do céu que é Cristo ressuscitado. [10]

A vida cristã alimenta-se da Eucaristia. Não é com as nossas próprias forças que podemos fazer o bem ou construir algo de bom, mas sim com a própria Vida de Cristo em nossas almas. Essa é a experiência mais extraordinária que existe!

O que o alimento espiritual produz em nossa vida corporal, a comunhão o realiza de maneira admirável em nossa vida espiritual. A comunhão da Carne de Cristo ressuscitado, “vivificado pelo Espírito Santo e vivificante”, conserva, aumenta e renova a vida da graça recebida no Batismo. [11]  

Dissemos acima que é gravíssimo receber a Eucaristia em estado de pecado mortal. No entanto, ainda que não seja ideal, a pessoa pode aproximar-se da mesa da comunhão se tiver cometido apenas pecados veniais.

A Eucaristia fortalece a caridade que, na vida diária, tende a arrefecer; e esta caridade vivificada apaga os pecados veniais. [12]

É claro que o fiel deve estar arrependido. Receber a Eucaristia é sempre um ato muito solene e requer um preparo interior. Pode-se, por exemplo, pedir o perdão dos pecados veniais no ato penitencial da Santa Missa.

Não é obrigatório levar os pecados veniais ao confessionário, embora seja recomendável. Essa prática é um meio de exercer a docilidade para com Deus, permitindo que a ação da graça nos cure.

Apesar de não ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados veniais) é vivamente recomendada pela Igreja. Com efeito, a confissão regular de nossos pecados veniais nos ajuda a formar a consciência, a lutar contra nossas más tendências, a deixar-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. [13]

Na Fila da Comunhão

Todos nós devemos participar da santa missa nos domingos e nos dias de preceito, embora nem todos estejamos aptos à comunhão. Quisemos, com este artigo, convidar você a examinar a sua consciência para comungar bem.

Quanto mais nos preparamos para a missa, mais graça recebemos da missa. [14]

A Santa Missa não pode se tornar um hábito sem sentido, rotineiro. Ela é o maior tesouro que temos em nossas vidas. Nela, escutamos a Palavra de Deus e recebemos o próprio Senhor em nós.

Que Nossa Senhora interceda por todos nós!

Referências

[1]Catecismo da Igreja Católica, 1333.

[2] Scott Hahn. Razões para Crer. Lorena, SP: Cléofas, 2017. p. 120.

[3] João Paulo II. Ecclesia de Eucharistia, 1.

[4] Catecismo da Igreja Católica, 1385.

[5] Catecismo da Igreja Católica, 1850.

[6] Scott Hahn. Senhor, Tende Piedade. Lorena, SP: Cléofas, 2018. p. 63.

[7] Catecismo da Igreja Católica, 1857.

[8] Catecismo da Igreja Católica, 1862.

[9] Scott Hahn. Senhor, Tende Piedade. Lorena, SP: Cléofas, 2018. p. 67.

[10] Cartuxo, um monge. A Missa, Mistério Nupcial. Juiz de Fora, MG: Ed. Subiaco, 2015.  p. 98.

[11] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafo 1392.

[12] Catecismo da Igreja Católica, 1394.

[13] Catecismo da Igreja Católica, 1458.

[14] Scott Hahn. O Banquete do Cordeiro. São Paulo, SP: Edições Loyola, 2014.  p. 145.