A Bíblia é uma coleção complexa e multifacetada de livros escritos ao longo dos séculos. Como sabemos, ela é composta por dois grandes blocos: o Antigo Testamento e o Novo Testamento.
Embora muitas pessoas acreditem que todas as Bíblias são iguais, há uma diferença significativa entre a lista (o cânon) dos livros da Bíblia católica e protestante, substancialmente em relação aos livros que compõem o Antigo Testamento.
O cânon católico inclui 73 livros; o cânon protestante tem 66. Para compreender essa diferença, é necessário mergulharmos na história da formação do cânon bíblico, nos concílios que estabeleceram a lista de livros considerados inspirados por Deus e na realidade da própria Igreja, desde os tempos apostólicos.
O histórico da composição da Bíblia
Nos primeiros séculos do cristianismo, não existia uma Bíblia formalmente definida como temos hoje. Os textos sagrados utilizados nas primeiras comunidades cristãs eram compostos pela Septuaginta (uma tradução das Escrituras hebraicas para o grego) e pelos escritos apostólicos que, gradualmente, passaram a circular entre as comunidades fundadas pelos Apóstolos.
A Escritura conhecida como Septuaginta, amplamente aceita pelos judeus da diáspora (que viviam fora de Israel) e pelos cristãos, continha sete livros a mais do que a Escritura em língua hebraica. Esses livros, mais tarde questionados pelos reformadores protestantes, são conhecidos como “deuterocanônicos”. São eles:
- Tobias
- Judite
- Sabedoria
- Eclesiástico
- Baruc
- I Macabeus
- II Macabeus
No que diz respeito ao Novo Testamento, os primeiros cristãos não tinham uma lista definida, mas reconheciam e utilizavam, especialmente na celebração da Eucaristia, diversos escritos, incluindo os quatro Evangelhos, as cartas de São Paulo e outros textos apostólicos. Porém, com o tempo, outros livros começaram a surgir, os chamados livros apócrifos: Evangelho de Pedro, Protoevangelho de Tiago, Evangelho de Maria Madalena, entre outros.
Diante deste cenário, a Igreja enxergou a necessidade de definir quais livros eram inspirados por Deus, para manter a unidade doutrinária e combater heresias que começavam a se espalhar.
Os Concílios e o Cânon Bíblico
O processo de definição do cânon bíblico culminou em importantes concílios da Igreja. No final do século IV, os Concílios de Hipona (ano 393) e de Cartago (ano 397, e depois confirmado em 419) foram determinantes ao ratificar a lista de livros que deveriam estar contidos tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
Essa lista incluía os chamados “deuterocanônicos” no Antigo Testamento, além de todos os 27 livros que conhecemos do Novo Testamento. Vale notar que essa lista de livros, reconhecida pelo Concílio, continha os escritos que eram utilizados pelas comunidades cristãs desde os primórdios. No entanto, algumas correntes heréticas propunham a exclusão de certos livros. Os seguidores de Marcião (os marcionitas), por exemplo, analisando os quatro Evangelhos, só aceitavam o Evangelho de Lucas e ainda com ressalvas. Outros grupos gnósticos, por sua vez, queriam a inclusão de tantos outros escritos apócrifos. Uma verdadeira batalha estava sendo travada!
Apesar dessas controvérsias, a Igreja, reunida em concílio, guiada pelo Espírito Santo (como Nosso Senhor prometeu aos Apóstolos: “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ele vos ensinará toda a verdade” - Jo 16, 13), consolidou a lista de livros que considerava inspirados por Deus e adequados para a formação espiritual e teológica dos fiéis por toda a história.
[Foi decidido] que nada, salvo as Escrituras canônicas, deveria ser lido na Igreja sob o nome de ‘Divinas Escrituras’. As escrituras canônicas são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Rute, 4 livros dos Reinos, 2 livros dos Paralipômenos, Jó, o Saltério de Davi, 5 livros de Salomão, 12 livros dos Profetas, Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, 2 livros de Esdras e 2 livros dos Macabeus. E também, do Novo Testamento: 4 livros dos Evangelhos, 1 livro dos Atos dos Apóstolos, 13 epístolas de Paulo Apóstolo, 1 do mesmo [Paulo] aos Hebreus, 2 de Pedro, 3 de João, 1 de Tiago, 1 de Judas e o Apocalipse de João. Assim, [foi decidido] que a Igreja do outro lado do mar [Roma] seria consultada para confirmar este Cânon, bem como será permitido ler os sofrimentos dos mártires, quando da celebração de seus dias de aniversário.[1]
A Liturgia e as Escrituras
Cabe aqui trazermos um fato pouco falado nas discussões dos livros da Bíblia: a Liturgia. Desde o início do cristianismo, a seleção dos livros que compõem o cânon das Sagradas Escrituras está profundamente enraizada na prática litúrgica da Igreja. Os textos que hoje conhecemos como canônicos foram reconhecidos como inspirados, em grande parte, porque eram lidos e proclamados nas celebrações litúrgicas das primeiras comunidades cristãs. A Missa foi, portanto, o critério vivo mais patente pelo qual a Igreja discerniu quais escritos refletiam fielmente a revelação divina.
Após a ressurreição de Nosso Senhor, as comunidades cristãs se reuniam para a “fração do pão”, a Eucaristia, que já era o centro da vida litúrgica. Nessas reuniões, a leitura das Escrituras fazia parte fundamental do culto, assim como acontece nas missas hoje (na Liturgia da Palavra). Naquele tempo, os textos lidos consistiam tanto das Escrituras judaicas (principalmente a tradução grega da Septuaginta) quanto dos escritos apostólicos que circulavam entre as comunidades fundadas pelos Apóstolos.
Gradualmente, as comunidades, guiadas por seus bispos, começaram a discernir quais desses escritos eram inspirados pelo Espírito Santo e, portanto, dignos de serem proclamados na Liturgia. Esses escritos, que eram lidos nas Missas, passaram a ser reconhecidos como parte integrante da fé da Igreja. Este processo culminou na definição do cânon bíblico, ou seja, a lista dos livros considerados divinamente inspirados e apropriados para o uso litúrgico e doutrinário.
A Liturgia, portanto, foi o ambiente onde a Igreja, através da prática e do discernimento comunitário, reconheceu a autoridade de certos textos sobre outros.
A rebelião protestante e a exclusão de livros
Muitos séculos depois, no contexto da Reforma Protestante do século XVI, ocorreu uma divisão significativa. Martinho Lutero, ao revisar as Escrituras, decidiu remover alguns livros tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. Posteriormente, ele reconsiderou sua decisão em relação aos livros do Novo Testamento, mas, ao final, manteve a exclusão dos sete livros chamados “deuterocanônicos” do Antigo Testamento.
Um dos argumentos de Lutero era que esses livros não estavam nas Escrituras Hebraicas, e, portanto, não deveriam ser considerados canônicos. No entanto, essa posição ignora o fato de que os Apóstolos e os primeiros cristãos frequentemente faziam uso da Septuaginta, que incluía esses textos.
Para resolver a questão o Concílio de Trento em 1546 (Sessão IV), declarou de forma definitiva e para sempre, com sua autoridade, para toda a Igreja, quais os livros que pertencem ao cânon das Sagradas Escrituras, após este concílio não há mais dúvidas ou discussões a este respeito porque a Santa Igreja Católica já se pronunciou definitivamente sobre a questão, e dessa forma, confirmou os concílios anteriores.
A exclusão desses livros pelos reformadores protestantes resultou em perdas, tanto em termos de riqueza espiritual quanto teológica. Além disso, esse ato representou uma afronta ao Espírito Santo, que guia a Igreja no discernimento e assegura a verdade dos dogmas proclamados nos concílios.
Um exemplo notável de tamanha perda por parte dos protestantes é a figura do Arcanjo São Rafael, apresentada no livro de Tobias. Este Arcanjo desempenha um papel crucial ao guiar e proteger Tobias em sua jornada, revelando aspectos importantes sobre o cuidado divino e a intervenção dos Anjos na vida humana. Ao remover esse livro, a tradição protestante perde uma fonte rica de ensinamento que Deus quis revelar sobre a relação entre os seres humanos e os Santos Anjos.
Outro exemplo é a oração em sufrágio pelas almas dos fiéis falecidos, como descrito em 2 Macabeus 12, 39-45. Judas Macabeu oferece um sacrifício a Deus pela remissão das faltas dos seus irmãos mortos na batalha. Esse fato, manifesta a crença de que é necessário uma purificação de certas faltas após a morte, o que a Igreja, baseada nos ensinamentos de Jesus Cristo e dos apóstolos, definiu como a doutrina do Purgatório. Ademais, ao não considerar a existência do purgatório, os protestantes incorrem em erros gravíssimos que põe abaixo a própria doutrina da santidade pessoal.
Referências no Novo Testamento aos livros deuterocanônicos
Outro aspecto importante a ser considerado é que o próprio Novo Testamento faz referências diretas ou indiretas aos livros que foram removidos pelos protestantes. Por exemplo, no Evangelho de João (capítulo 10), é mencionada a Festa da Dedicação, que faz referência aos eventos descritos no livro de Macabeus. Em todo o Antigo Testamento, a festa da Dedicação só é encontrada neste livro:
Então, Judas e seus irmãos, e toda a assembleia de Israel, determinaram que os dias da dedicação do altar fossem anualmente celebrados, no seu devido tempo, pelo espaço de oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês de Casleu, com júbilo e alegria (1 Macabeus 4, 59).
Além desta referência direta, em seus livros no Novo Testamento, os Apóstolos fazem dezenas de referências aos deuterocanônicos. Por exemplo, em Apocalipse, São João traz a informação revelada no livro de Tobias:
Eu vi os sete Anjos que assistem diante de Deus. Foram-lhes dadas sete trombetas. (Apocalipse 8, 2)
Eu sou o anjo Rafael, um dos sete que assistimos na presença do Senhor (Tobias, 12, 15)
A respeito de Jesus, a Sabedoria encarnada, vejamos o que diz a Carta aos Hebreus e um deuterocanônico:
[O Filho] Esplendor da glória (de Deus) e imagem do seu ser, sustenta o universo com o poder da sua palavra. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos céus (Hebreus 1, 3).
Ela [a Sabedoria] é um sopro do poder de Deus, uma irradiação límpida da glória do Todo-poderoso; assim mancha nenhuma pode insinuar-se nela. É ela [a Sabedoria] uma efusão da luz eterna, um espelho sem mancha da atividade de Deus, e uma imagem de sua bondade (Sabedoria 7, 25-26).
O próprio Jesus confirma em Seu ministério público os ensinamentos dos deuterocanônicos:
E, quando vos puserdes de pé para orar, perdoai, se tiverdes algum ressentimento contra alguém, para que também vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe os vossos pecados (São Marcos 11, 25).
Perdoa ao teu próximo o mal que te fez, e teus pecados serão perdoados quando o pedires (Eclesiástico 28, 2).
O Senhor coloca em parábola outro ensinamento do Eclesiástico:
Havia um homem rico cujos campos produziam muito. E ele refletia consigo: Que farei? Porque não tenho onde recolher a minha colheita. Disse então ele: Farei o seguinte: derrubarei os meus celeiros e construirei maiores; neles recolherei toda a minha colheita e os meus bens. E direi à minha alma: ó minha alma, tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Deus, porém, lhe disse: Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas que ajuntaste de quem serão? Assim acontece ao homem que entesoura para si mesmo e não é rico para Deus (São Lucas 12, 16-20).
Há homem que enriquece, vivendo com economia, e a única recompensa que dela usufrui é a de poder dizer: “Achei o repouso, vou agora desfrutar meus haveres sozinho”. E ele não considera que o tempo passa, que vem a morte, e que, ao morrer, tudo deixará para os outros (Eclesiástico 11, 18-20).
Poderíamos citar dezenas de outras passagens do Novo Testamento que fazem referência aos livros deuterocanônicos, algumas de forma clara e outras mais sutis. No entanto, além dessas referências no próprio Novo Testamento, vale mencionar os Padres da Igreja, que frequentemente citaram os deuterocanônicos em suas reflexões teológicas. Um exemplo notável é a belíssima Epístola de Barnabé, datada da era apostólica, que utiliza o Livro da Sabedoria para confirmar a profecia da Paixão do Senhor:
Eu, humilde servo do amor, vos escrevo com simplicidade, para que compreendais. O que diz ainda o profeta? ‘Uma assembleia de malfeitores me rodeou. Eles me cercaram como abelhas ao favo.’ (Salmos 22, 17; 118, 12) E ‘sobre minhas vestes tiraram sortes.’ (Salmos 22, 19) E como era na sua carne que ele devia revelar-se e sofrer, sua paixão foi revelada de antemão. De fato, o profeta diz a respeito de Israel: ‘Ai da vida deles! Pois conceberam um desejo mau contra si mesmos’, (Isaias. 3, 9), dizendo: ‘Amarremos o justo, porque ele nos incomoda’ (Sabedoria 2, 12). Que lhes diz Moisés, outro profeta? ‘Eis o que diz o Senhor Deus: ‘Entrai na terra boa, que o Senhor prometeu a Abraão, Isaac e Jacó. Tomai posse dessa terra, onde correm leite e mel.’ (Êxodo. 33, 1, Levítico. 20, 24) [2]
Clemente I, um dos sucessores de São Pedro em Roma, cita o livro de Judite:
Muitas mulheres também, fortalecidas pela graça de Deus, realizaram numerosas façanhas viris. A bem-aventurada Judite, quando sua cidade foi sitiada, pediu permissão aos anciãos para ir ao acampamento dos estrangeiros; e, expondo-se ao perigo, ela saiu por amor à sua pátria e ao seu povo então sitiado; e o Senhor entregou Holofernes nas mãos de uma mulher (cf. Judite 8, 30). [3]
A Didaquê, uma espécie de catecismo do primeiro século – que os estudiosos estimam ter sido escrita antes da destruição do Templo de Jerusalém, entre os anos 60 e 70 d.C. – também faz referência ao livro do Eclesiástico:
‘Julgue de forma justa’ (Deuteronômio 1, 17; Provérbios 31, 9) e corrija as culpas sem distinguir as pessoas. Não hesite sobre o que vai acontecer. Não te pareças com aqueles que ‘abrem a mão para receber e a retiram quando devem dar.’ (Eclesiástico 4, 31). [4]
Esses são apenas três exemplos marcantes do século I, da era apostólica, há outros. Se, ainda, analisarmos as citações dos deuterocanônicos feitas pelos Padres da Igreja nos séculos II e III, encontramos uma vasta coletânea de escritos de santos autores e teólogos. Eis alguns nomes: Santo Irineu de Lion, Tertuliano, Orígenes, Clemente de Alexandria, Hipólito, São Cipriano de Cartago, etc.
A Relação Bíblia e Igreja
A relação entre a Igreja e a Bíblia é inseparável: enquanto a Sagrada Escritura guia a Igreja em sua missão de ministra da graça santificante, a Igreja é o corpo vivo que protege, interpreta e ensina a Palavra de Deus. É por meio da Igreja que essa Palavra é transmitida ao longo dos séculos. Portanto, separar a Bíblia da autoridade eclesial é desconsiderar o contexto no qual Deus quis que ela fosse formada e preservada.
O papel da Igreja é o de guardiã e intérprete da Bíblia. Desde os primeiros séculos do cristianismo, foi a Igreja que reuniu, preservou e definiu quais escritos seriam considerados inspirados por Deus, expressando assim a fé apostólica e a revelação divina.
Esse fato histórico nos leva a compreender que a Bíblia, como a conhecemos, não surgiu de maneira isolada. Deus quis que ela fosse fruto da vida da Igreja e, por isso, não pode ser dissociada dela.
A Igreja, fundada por Cristo e guiada pelo Espírito Santo, recebeu a missão de ensinar, proteger e interpretar a Palavra de Deus. Isso significa que a leitura e a interpretação da Bíblia devem estar sempre em consonância com a tradição viva da Igreja, que, pelo Magistério, é a sua legítima intérprete.
Como São Paulo diz em 1 Timóteo 3, 15, a Igreja é “a coluna e o fundamento da verdade”. A Bíblia, sem o seu contexto eclesial, pode ser mal interpretada ou distorcida, como ocorreu em várias heresias ao longo da história. Por isso, é na Igreja que encontramos a verdadeira chave de leitura das Escrituras.
Os Padres da Igreja, os concílios e os santos doutores desempenham uma função essencial ao articular e defender o verdadeiro sentido das Escrituras. A Tradição e a Bíblia, portanto, não são concorrentes, mas complementares, como ensina o Catecismo da Igreja Católica:
A Tradição sagrada e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim. Uma e outra tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo, que prometeu estar com os seus, “sempre, até ao fim do mundo” (Mt 28, 20). [5]
É importante reconhecermos que a lista dos livros da Bíblia não está presente na Bíblia. O cânon bíblico foi estabelecido fora da Bíblia, o que significa que as Escrituras, por si só, não se sustentam. Elas dependem da Tradição e do Magistério, que, sob a orientação do Espírito Santo, as confirma e define. Somente por meio da leitura das Escrituras, à luz da Tradição da Igreja, o Magistério é capaz de evitar os erros de interpretação que podem gerar divisões e atos heréticos, como o da exclusão de livros. Regra básica a todos cristãos de origem apostólica.
Não é apenas uma questão de opinião
A questão do cânon bíblico demonstra que a confirmação dos livros inspirados vai muito além de meras divergências teológicas ou históricas, e não deve, de forma alguma, ser fruto de uma análise privada. Trata-se, acima de tudo, de confiar na promessa de Cristo, que garantiu que o Espírito Santo jamais abandonaria a Sua Igreja.
É a Igreja, Esposa de Cristo, que, ao longo dos séculos, guiada pelo Espírito, discerniu quais livros são verdadeiramente inspirados por Deus e deveriam compor as Sagradas Escrituras, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Esse discernimento não é fruto de opiniões humanas, mas da ação divina que preserva a verdade em meio às dificuldades e controvérsias da história.
Portanto, aceitar o cânon bíblico tal como foi definido pela Igreja é reconhecer que o Espírito Santo esteve sempre presente em seu seio, conduzindo-a em toda a verdade. A exclusão de livros ou a alteração do cânon é, em última análise, um desafio à autoridade dada por Cristo à Sua Igreja, “coluna e fundamento da verdade”, para guardar e proclamar a Palavra de Deus em sua totalidade.
Referências
[1] Trecho extraído do Denzinger Enchiridion Symbolorum, obra que retrata as fontes do dogma católico, Cânon 36, do Concílio de Cartago (397).
[2] Epístola de Barnabé, 6 – ano 74 d.C.
[3] Clemente Romano, Carta aos Coríntios, 55 – entre os anos 93 e 97 d.C.
[4] Didaqué 4, 3-5.
[5] Catecismo da Igreja Católica, nº 80.