A Palavra de Deus é muito clara quanto à necessidade da oração. Somos chamados a cultivar uma intimidade de vida com o Senhor, levando todas as nossas alegrias e tribulações para a oração.
Orai sem cessar (1Ts 5, 17)
Neste artigo vamos apresentar cinco estratégias de oração retiradas da sabedoria da Palavra de Deus. Do Antigo ao Novo Testamento, vamos constatar como esta necessidade é sempre atual.
A Oração de Moisés: Intercessão
Certa vez os israelitas tiveram que se defender dos amalecitas. Não se preocupe com os nomes. O importante é entender que o Povo de Deus precisou combater um outro povo, que era seu inimigo. Durante o combate, Moisés intercedeu pelos israelitas.
Amalec veio combater contra os israelitas em Rafidim. Moisés disse a Josué: “Escolhe alguns homens e sai para lutar contra Amalec. Amanhã, estarei de pé sobre o topo da colina, com o cajado de Deus na mão” (Ex 17, 8- 9)
Foi o que aconteceu. Moisés subiu à montanha com Aarão e Hur. De lá, rezava pelo Povo de Israel. A sua oração provocava uma influência decisiva sobre o conflito, favorecendo os israelitas. No entanto, quando se cansava, Moisés abaixava as mãos, e eles começavam a perder.
Enquanto Moisés mantinha as mãos levantadas, Israel vencia; quando Moisés abaixava as mãos, Amalec vencia. (Ex 17, 11)
Somente com a ajuda de Aarão e Hur é que Moisés pôde amparar os israelitas com a oração de intercessão até a vitória. Eles puseram uma pedra como apoio para Moisés sentar e sustentavam-lhe as mãos.
Aarão e Hur, um de cada lado, lhe sustentavam as mãos. Assim, as mãos de Moisés ficaram firmes até o pôr do sol (Ex 17, 12)
Mas por que levantar as mãos era tão importante assim? Tratava-se de um texto que era facilmente compreendido no Oriente Médio antigo. Era uma referência clara à oração. As pessoas rezavam com as mãos erguidas.
Levantar as mãos era uma postura comum de oração no mundo bíblico (Ex 9, 33; 1Rs 8, 22; Sl 44, 20). [1]
Esta é uma imagem muito forte: Moisés vai ao topo de uma colina para rezar com o cajado de Deus na mão, enquanto o povo luta. A Palavra de Deus nos ensina assim que toda oração é uma forma de combate espiritual.
Os grandes orantes da Antiga Aliança antes de Cristo, como também a Mãe de Deus e os santos com Ele, nos ensinam: a oração é um combate. [2]
Mas a oração de Moisés não foi feita de modo individualista. Aarão e Hur estavam a seu lado, atentos às suas necessidades. Eles participaram da vitória ao ajudar Moisés a manter as mãos erguidas.
A primeira estratégia de oração é pedir a intercessão. Peça, em primeiro lugar, que Nossa Senhora e os outros santos intercedam por suas intenções. Não se esqueça, porém, de pedir ajuda aos irmãos fiéis.
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A Oração de Davi: Conversão
O rei Davi foi um dos homens mais santos do Antigo Testamento. O Senhor Deus prometeu ao rei Davi que, de sua linhagem, viria o Messias. É por isso que Jesus era aclamado como “filho de Davi” pelo povo. Aqui a palavra “filho” significa “descendente”.
“Filho de Davi” - refere-se ao Messias, que era esperado como um descendente do rei Davi, justo herdeiro de seu trono (Is 9, 7; Ez 34, 23-24). [3]
Mesmo sendo um grande homem, o rei Davi pecou gravemente (2Sm 11). Cometeu um adultério! Você sabe qual foi a reação dele? Depois que o profeta Natã o corrigiu, Davi se arrependeu profundamente.
Davi, o maior rei de Israel e fundador da dinastia que carrega o seu nome, é reprovado e condenado por um profeta, Natã. A reação de Davi é exemplar: escuta o profeta e admite sua culpa. [4]
O arrependimento de Davi foi tão profundo que a sua oração se transmite de geração em geração até os nossos dias. É o Salmo 51(50). Você já o rezou? Nele, inspirado por Deus, o rei Davi clama por misericórdia.
Tem piedade de mim, ó Deus, segundo a tua misericórdia; segundo tua imensa compaixão, apaga a minha iniquidade. Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova em minhas entranhas um espírito resoluto (Sl 51, 1.12)
A Palavra de Deus, por meio do arrependimento de Davi, nos ensina muitas coisas. Uma delas é que devemos implorar ao Senhor para que converta o nosso coração. É por isso que, quando entramos em oração, devemos levar a ela toda a nossa vida.
A oração não é um calmante para aliviar as ansiedades da vida; ou, contudo, uma prece deste tipo certamente não é cristã. Ao contrário, a oração responsabiliza cada um de nós. [5]
A segunda estratégia de oração é pedir a conversão de nosso coração. Nós precisamos levar a nossa vida concreta para a oração, reconhecendo que somos pecadores. Somente assim vamos depositar no Senhor, e não em nós, a nossa esperança.
A Oração de Ana: Persistência
Você sabe quem foi Ana no Antigo Testamento? Ela era uma mulher estéril que desejava muito ser mãe. Então, fez um voto ao Senhor Deus no santuário perto de um sacerdote chamado Eli. Pediu que engravidasse e, desde já, consagrava o menino ao Senhor:
Ana, cheia de amargura, em profusão de lágrimas, orou então ao Senhor, fazendo o seguinte voto: “Senhor dos exércitos, se olhares para a aflição de tua serva e de mim te lembrares; se não te esqueceres da tua escrava e lhe deres um filho homem, eu o oferecerei a ti por toda a sua vida, e a navalha não passará sobre a sua cabeça” (1Sm 1, 10-11)
Ana demorou tanto em sua oração que o sacerdote Eli aproximou-se. Ele teve a impressão equivocada de que ela estava bêbada. Chegou a repreendê-la! Porém, depois de conversarem, Eli entendeu do que se tratava.
Eli, então, lhe disse: “Vai em paz, e que o Deus de Israel te conceda o que lhe pediste”. (1Sm 1, 17)
De maneira inexplicável, a estéril Ana engravidou depois de ter relações com seu marido. Passado o tempo devido, o menino nasceu. Ele seria conhecido de todos nós como o profeta Samuel. Ana, então, cumpriu seu voto e fez uma longa ação de graças (1Sm 1, 27- 2, 11).
O que podemos aprender da oração persistente de Ana? O Catecismo da Igreja Católica ensina-nos que a fecundidade de Ana é um testemunho da fidelidade de Deus às Suas promessas.
Contra toda expectativa humana, Deus escolheu o que era tido como impotente e fraco para mostrar fidelidade à sua promessa: Ana, a mãe de Samuel (...) [6]
A terceira estratégia de oração é a persistência. Como Ana, nós devemos apresentar as nossas necessidades a Deus com confiança e persistência. Ele nos escuta.
A Oração de Santo Estêvão: Rezar pelos Agressores
Depois da Ressurreição de Jesus, Santo Estêvão foi apedrejado porque falava do Reino de Deus. Os assassinos ficaram tão enfurecidos que rangiam os dentes de ódio! Ele, porém, não pagou o mal com o mal. Rogou por aqueles que o apedrejavam:
Dobrando os joelhos, gritou com voz forte: “Senhor, não lhes atribuas este pecado”. Com essas palavras, morreu. (At 8, 60)
Você percebe que Estêvão agiu como Jesus na Cruz? Quando foi crucificado, o Senhor intercedeu ao Pai pelos homens que O pregaram à Cruz. Pedia que não lhes levasse em conta o pecado, por serem ignorantes (Lc 23, 34).

[O Senhor] põe a ignorância, o «não saber», como motivo do pedido de perdão ao Pai, porque esta ignorância deixa aberto o caminho para a conversão. [7]
Desejar a conversão do agressor! Muitas vezes somos feridos pela ignorância de terceiros. Não devemos retribuir-lhes com ofensas. Convém-nos pedir a cura de nossos corações, mas pedir também a graça da salvação para aqueles que nos feriram. Agindo assim, transformamos a contrariedade em bênção.
Aceitando a cruz, sabendo que ela se torna e é bênção, aprendemos a alegria do cristão também nos momentos de dificuldade. O valor do testemunho é insubstituível, porque a ele conduz o Evangelho e dele se alimenta a Igreja. Santo Estêvão nos ensina a valorizar esta lição. [8]
A oração de Santo Estêvão por seus agressores nos revela a quarta estratégia de oração. Não rezamos apenas pelos que nos fazem o bem, mas também pelos que nos desejam o mal. Eles não sabem o que fazem.
A Oração de Jesus: amar a vontade de Deus
Jesus é Deus. Como é possível que Ele reze? É que Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Assim, na qualidade de homem, aprendeu a rezar conforme as tradições de Seu povo.
O Filho de Deus, que se tornou Filho da Virgem, aprendeu também a rezar segundo seu coração de homem. Aprendeu as fórmulas de oração com sua mãe. [9]
Já meditamos sobre a oração de Jesus no artigo: “Jesus rezava, e muito! E você?”. Nele, aprendemos como a oração de Jesus sustenta a nossa oração pessoal. O Senhor se uniu à nossa humanidade e é n’Ele que podemos ir ao Pai.
Em Jesus, Deus Pai recebe a oração filial que esperava de Seus filhos. Podemos, então, olhando para Cristo, compreender o sentido da oração. Ela é um ato de amor e confiança, de intimidade.
Aqui começa a se revelar a novidade da oração na plenitude dos tempos: a oração filial, que o Pai esperava de seus filhos, será enfim vivida pelo próprio Filho único em sua humanidade, com os homens e para os homens. [10]
E o que a oração de Jesus nos ensina? Muitas coisas! São tantas que não seria possível enumerá-las. Vamos apenas propor um ensinamento prático, para alimentar a nossa vida de oração pessoal. O nosso guia será o Catecismo da Igreja Católica, que nos convida a contemplar um aspecto de um milagre de Jesus.
Você se recorda da ressurreição de Lázaro? Quando o Senhor pediu que removessem a pedra do túmulo para fazer o milagre, rendeu graças ao Pai antes de que a ressurreição fosse realizada. Antes!
“Pai, eu te dou graças porque me ouvistes!” (Jo 11, 41)
Por que será que a ação de graças ocorreu antes do milagre? Nós temos o costume de agradecer depois de receber uma bênção. Aqui, Jesus nos ensina que a oração é uma união à vontade de Deus, união à Sua Pessoa. Confiamos que o Pai sempre fará o melhor para nós e já agradecemos.
A oração de Jesus nos revela como pedir: Antes que o dom seja feito, Jesus adere Àquele que nos dá seus dons. [11]
A quinta estratégia de oração é amar a vontade de Deus! Todos nós precisamos de bens, sejam eles materiais ou espirituais. Jesus nos ensina que o primeiro passo da oração deve ser sempre aderir à vontade do Pai.
Uma Vida Orante
A oração deve ocupar um lugar central em nossa vida. São muitas as estratégias de oração. Essas cinco estratégias que apresentamos são uma sugestão para que você cresça em sua vida interior.
Que Nossa Senhora interceda por todos nós!
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Referências
[1] Scott Hahn & Curtis Mitch. O Livro do Êxodo - Cadernos de Estudo Bíblico. Campinas, SP: Ecclesiae, 2016. p. 70.
[2] Catecismo da Igreja Católica, 2725.
[3] Scott Hahn & Curtis Mitch. O Evangelho de São Marcos- Cadernos de Estudo Bíblico. Campinas, SP: Ecclesiae, 2014. p. 73.
[4] Jean-Louis Ska. O Antigo Testamento: Explicado aos que Pouco ou Nada Conhecem a Respeito dele. São Paulo: Paulus, 2015 p 79.
[5] Papa Francisco. Audiência Geral de 21 de outubro de 2020.
[6] Catecismo da Igreja Católica, 489.
[7] Papa Bento XVI. Audiência Geral de 15 de fevereiro de 2012.
[8] Papa Bento XVI. Os Apóstolos e os Primeiros Discípulos de Cristo: nas Origens da Igreja. São Paulo: Paulus, 2011 p. 162.
[9] Catecismo da Igreja Católica, 2599.
[10] Ibid.
[11] Catecismo da Igreja Católica, 2604.