Manhã de Luz - 23 de fevereiro - A misericórdia de Deus nos faz ser misericordiosos

Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (Lc 6, 27-38)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 27 "A vós que me escutais, eu digo: Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, 28 bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam. 29 Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto, deixa-o levar também a túnica. 30 Dá a quem te pedir e, se alguém tirar o que é teu, não peças que o devolva. 31 o que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles. 32 Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Até os pecadores amam aqueles que os amam. 33 E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que recompensa tereis? Até os pecadores fazem assim. 34 E se emprestais somente àqueles de quem esperais receber, que recompensa tereis? Até os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia. 35 Ao contrário, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e os maus. 36 Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. 37 Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. 38 Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos".

No evangelho de hoje, Jesus nos convida a uma grande novidade: o amor aos inimigos. No Antigo Testamento, o amor ao próximo se restringia aos membros da comunidade de Israel, aqueles que compartilhavam a fé no Deus único. Jesus, porém, alarga esse horizonte, estendendo o amor aos próprios inimigos. Essa exigência, num primeiro momento, pode parecer difícil, mas torna-se possível com a graça de Deus e o auxílio do Espírito Santo. Precisamos, diariamente, pedir a Deus a graça da verdadeira caridade.

Jesus continua suas instruções, ensinando que a vingança não é o caminho para resolver conflitos. Ele nos lembra da regra de ouro: tratar o outro como desejamos ser tratados. E nos exorta à misericórdia, assim como esperamos misericórdia de Deus. É importante lembrar que misericórdia não significa ser conivente com o pecado ou com o erro do outro. A verdadeira misericórdia, nascida do coração, busca ajudar o próximo a encontrar o caminho do bem, da verdade e da salvação. O maior ato de misericórdia é ajudar o outro a encontrar a luz da verdade em Jesus e não permitir que ele permaneça no erro e nas trevas.

Assim, compreendemos os erros do passado e ajudamos o próximo a não repeti-los. Da mesma forma que Deus nos perdoa e nos concede Sua misericórdia, somos chamados a estender essa misericórdia aos nossos irmãos. E como Deus distribui Sua misericórdia? De forma abundante! Jesus usa a imagem da medida sacudida: no tempo em que as pessoas usavam vestes largas e fechadas na cintura, permitindo guardar toda sorte de objetos no regaço. Porém, neste evangelho, Jesus nos dará uma medida muito maior, a medida do Seu amor infinito e de Sua misericórdia, o Céu nunca se deixa vencer em generosidade.

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